Zazá, uma zebrinha de listras perfeitamente alinhadas, acordou um dia no coração da Floresta Cintilante. Essa floresta não era comum; suas árvores tinham folhas que brilhavam em tons de verde esmeralda e roxo ametista, e os rios dançavam com reflexos dourados. Zebrinha Zazá era conhecida por sua alegria contagiosa e suas listras que pareciam desenhadas a mão. Mas naquela manhã, ao se espreguiçar perto do riacho onde bebia água, Zazá notou algo estranho em seu reflexo: parecia faltar uma listra preta bem no meio de sua barriga!
Zebrinha Zazá sentiu um friozinho na barriga. Como ela poderia ser a Zebrinha Zazá sem todas as suas listras? Seu amigo, o grilo Gilberto, que passava por ali cantarolando uma melodia animada, percebeu a tristeza de Zazá. Gilberto tinha um chapéu feito de folha e um minúsculo violão. Oi, Zazá! Por que essa carinha de nuvem de chuva? perguntou Gilberto, parando sua canção. Zazá apontou para sua barriga. Uma das minhas listras sumiu, Gilberto! Agora não sou mais eu mesma! Gilberto coçou a cabeça. Sumiu? Isso é muito estranho. Ninguém na Floresta Cintilante perde algo assim do nada. Vamos procurar!
Eles andaram pela floresta, passando por cogumelos gigantes que pareciam casas e flores que mudavam de cor a cada sopro do vento. Procuraram debaixo das folhas brilhantes e entre as raízes entrelaçadas das árvores. Nada. Gilberto sugeriu: Talvez a Dona Florinda saiba o que fazer. Ela é a coruja mais esperta de toda a floresta, vive na Árvore da Sabedoria, lá no alto.
Chegaram à Árvore da Sabedoria, uma árvore tão alta que suas copas tocavam as nuvens mais fofas. Dona Florinda, com seus óculos na ponta do bico, lia um pergaminho antigo. Olá, pequenos exploradores! O que os traz aqui? perguntou a coruja com sua voz calma e grave. Zazá explicou sua aflição. Dona Florinda ouviu atentamente e então soltou uma risadinha suave. Ah, Zazá, minha querida. Olhe para você com os olhos do coração. Sua beleza não está em uma listra a mais ou a menos. Ela está na alegria que você espalha, na sua bondade, no seu sorriso. A listra que você pensa ter perdido pode estar em um lugar que seus olhos ainda não alcançaram. Olhe novamente, mas desta vez, com outra perspectiva, sem se preocupar.
Zazá fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se das palavras de Dona Florinda. Ao abri-los, ela olhou para o próprio reflexo no riacho novamente, mas desta vez, em vez de focar na falta, ela observou a luz do sol, o movimento da água. E lá estava! A listra não tinha sumido! Ela estava ali o tempo todo, mas o reflexo do sol no riacho e uma dobra em sua pele ao se curvar faziam parecer que ela havia desaparecido. A listra se misturava perfeitamente com a sombra projetada pela folhagem densa. Zazá riu, uma gargalhada gostosa que ecoou pela floresta. Eu não perdi nada, Dona Florinda! Era só a sombra! Eu estava tão preocupada em estar perfeita que não vi a verdade. Dona Florinda piscou um olho. Exatamente, Zazá. A verdadeira beleza vem de dentro.
Zebrinha Zazá e Gilberto voltaram para casa, cantando a mais nova canção de Gilberto sobre a alegria de ser quem se é. A Floresta Cintilante nunca pareceu tão cheia de cores. E Zazá aprendeu que suas listras, perfeitas ou não, eram apenas parte de quem ela era, e sua verdadeira beleza brilhava de dentro para fora, iluminando a todos ao seu redor.



















