Luan, com seus dez anos, vivia na Cidade de Cronos, onde cada minuto era planejado, cada rua idêntica. Ele suspirava, entediado, enquanto observava os carros voadores passarem em suas rotas predefinidas. Tudo era tão eficiente, tão limpo, tão… igual. Era nos cantos menos movimentados que Luan encontrava pequenos desafios, como desviar de uma folha de árvore solta ou tentar imaginar o que havia por trás das paredes dos prédios cinzentos.
Em uma de suas explorações silenciosas, Luan notou uma abertura estreita atrás de uma velha loja de componentes. A passagem levava a uma escadaria escura. Curioso, ele desceu, a poeira dançando nos poucos feixes de luz que entravam. O cheiro de metal antigo e inventos o guiou até uma sala subterrânea, onde luzes piscavam em meio a fios e engrenagens.
Ali estava o Professor Eugênio, um homem com cabelos bagunçados que pareciam ter vida própria, óculos tortos e um sorriso constante. Ao seu lado, flutuava Beta, um robô esférico, brilhante e feito de materiais reciclados, com um olho grande e expressivo que piscava cores suaves.
O Professor Eugênio, ao ver Luan, exclamou um olá e perguntou se o tédio o tinha trazido até ali. Luan assentiu, surpreso. O Professor explicou que estava aperfeiçoando o Simulador de Mundos Possíveis. Não era uma máquina de viagem, mas um projetor que transformava as ideias mais loucas em cenários visíveis. Era um lugar para onde a imaginação poderia voar, sem limites.
Beta projetou o primeiro cenário: uma floresta de cristal onde árvores cantavam ao vento e rios de luz líquida corriam entre as pedras preciosas. Luan arregalou os olhos. Eles visitaram um mercado subaquático onde peixes falantes vendiam conchas decoradas, e uma cidade flutuante habitada por pessoas que se comunicavam através de harmonias musicais. Cada projeção era uma nova aventura, uma nova descoberta, um convite para pensar diferente.
Luan percebeu que o tédio não desaparecia com algo para fazer, mas com algo para imaginar. Ele aprendeu com o Professor que a maior aventura estava dentro da própria cabeça, esperando para ser criada. Luan e Beta ajudavam o Professor a registrar novas ideias para o simulador, transformando o entediante em extraordinário. Luan, que antes suspirava de tédio, agora sorria, ansioso para descobrir qual seria o próximo mundo a ser imaginado e projetado.



















