Na cidade futurista de Lumina, onde os prédios brilhavam com luzes coloridas e pequenos drones zumbiam pelos céus, vivia uma menina chamada Flora. Flora não era uma menina comum. Ela passava horas em seu laboratório caseiro, um quarto cheio de fios, engrenagens e luzes piscantes, criando as invenções mais surpreendentes. Seu melhor amigo e assistente era Centelha, um drone ágil e simpático que flutuava ao seu lado, sempre pronto para ajudar.

Um dia, Flora sentiu algo diferente em seu peito, um vazio que parecia um abraço que não estava lá. Ela pensou em seu primo Benício, que havia se mudado para uma cidade muito distante, além das Montanhas Sônicas. Ah, como ela sentia falta das risadas de Benício, das corridas de patinete pela Praça do Eco e dos jogos de tabuleiro que duravam a tarde toda! Centelha percebeu a tristeza de Flora. Seu pequeno olho robótico piscou com preocupação.

O que é isso que você sente, Flora? perguntou Centelha com sua voz robótica e suave.
É saudade, Centelha, suspirou Flora. É um sentimento que aperta o coração quando a gente sente falta de alguém ou de algo muito especial.
Flora decidiu que não podia ficar parada. Ela precisava inventar uma forma de abraçar a saudade. Dias e noites se passaram, com Flora e Centelha trabalhando sem parar. Eles testaram um comunicador de cheiros, um projetor de memórias e até um amplificador de abraços invisíveis, mas nada parecia funcionar. A saudade ainda estava ali, um lembrete constante do carinho que sentia por Benício.

Foi então que Flora teve uma ideia brilhante! Ela lembrou que Benício adorava música. E se a saudade pudesse ter uma melodia? Ela imaginou um aparelho que transformasse sentimentos em sons, e que esses sons pudessem viajar pelos céus e chegar até o coração de Benício.

Com muito esforço e a ajuda de Centelha, Flora criou o Coração Musical. Era um pequeno cristal brilhante, do tamanho de sua mão, que pulsava suavemente. Ao segurá-lo, Flora pensou em Benício, em todas as memórias felizes, e uma suave melodia começou a ecoar do cristal, cheia de carinho e risadas.

Vamos, Centelha! Ela disse, com os olhos brilhando. Precisamos enviar essa melodia para Benício!
Centelha, com suas hélices zumbindo animadamente, levou o Coração Musical até o ponto mais alto da Torre da Harmonia, o lugar onde os pensamentos e os sonhos da cidade se encontravam. Lá, Flora ativou um painel de transmissão especial. A melodia do Coração Musical foi enviada para o céu, viajando como um pequeno raio de luz colorida em direção às Montanhas Sônicas.

Flora e Centelha esperaram. E esperaram. Até que, de repente, o Coração Musical em suas mãos começou a vibrar e a brilhar intensamente. Uma nova melodia, suave e cheia de alegria, começou a tocar. Era a resposta de Benício! Ele havia recebido a mensagem e estava enviando a sua própria melodia de volta.

Flora sorriu, sentindo que a saudade não era mais um vazio, mas uma ponte de sentimentos. Ela percebeu que sentir saudade era uma forma bonita de manter o amor e as lembranças sempre vivos no coração. E que, mesmo longe, o carinho podia voar, impulsionado por uma melodia.