No alto das copas das árvores gigantes da Floresta Amazônica, existia Arborópolis, uma cidade flutuante onde a tecnologia e a natureza dançavam juntas. Casas coloridas eram conectadas por pontes aéreas e plataformas que flutuavam suavemente no ar. Em uma dessas casas, com janelas panorâmicas para o verde sem fim, morava o Dr. Juba, um leão cientista com uma juba meio despenteada e óculos que escorregavam no nariz.
Dr. Juba era um gênio inventor, sempre imerso em seus projetos. Seu mais novo desafio era o Sons da Natureza, um aparelho que, segundo ele, emitiria ondas sonoras perfeitas para acelerar o crescimento de plantas exóticas. Ele passava dias e noites ajustando botões e fios, e o aparelho soltava uns chiados, zumbidos e, às vezes, uns barulhos bem altos.
Bem ao lado, na casa com o jardim mais florido de Arborópolis, vivia Dona Florinda, uma elegante tamanduá-bandeira. Ela amava a paz e o silêncio, dedicando suas manhãs à meditação e ao cuidado com suas orquídeas raras. Mas ultimamente, a quietude de Dona Florinda era constantemente interrompida pelos experimentos do Dr. Juba. Os sons estranhos a faziam pular, e suas orquídeas pareciam tremer um pouquinho.
Do outro lado, em um laboratório de culinária criativa, o jovem Pipo, um mico-leão-dourado ágil e sempre sorridente, tentava concentrar-se. Ele estava criando uma nova receita de suco energético com frutas da floresta. Mas os barulhos do aparelho do Dr. Juba o faziam errar as medidas e até derrubar algumas frutas. Pipo era enérgico, mas também muito respeitoso. Ele não queria incomodar o Dr. Juba, mas precisava de paz para sua pesquisa.
Um dia, enquanto Dr. Juba estava testando a potência máxima do Sons da Natureza, um estrondo ecoou por toda a vizinhança. Dona Florinda quase caiu de sua cadeira de meditação, e Pipo, assustado, deixou cair uma bandeja inteira de murtis maduros.
Dona Florinda, com sua voz calma e gentil, decidiu agir. Ela foi até a plataforma que ligava sua casa à do Dr. Juba. Pipo, vendo a iniciativa, juntou-se a ela. Chegaram à porta do Dr. Juba, que estava tão concentrado que nem os ouviu bater. O aparelho zumbia alto.
Dona Florinda tossiu suavemente. Nada. Pipo bateu um pouco mais forte. Finalmente, Dr. Juba tirou os fones de ouvido.
Ah, olá, vizinhos! disse ele, com um sorriso distraído. Precisam de algo?
Dona Florinda, com paciência, explicou: Dr. Juba, seus experimentos são incríveis, mas o barulho tem sido um pouco… perturbador.
Pipo acrescentou, com um jeito meio tímido: É que eu estou tentando misturar meus sucos, e com o barulho, as frutas pulam das tigelas.
Dr. Juba ficou vermelho. Ele não tinha percebido o quanto suas invenções estavam afetando seus vizinhos. Ele estava tão focado em seu próprio trabalho que esqueceu de considerar as outras pessoas.
Meus caros, eu sinto muito! exclamou ele. Eu estava tão absorto que não prestei atenção. Como posso compensar?
Dona Florinda sorriu: O importante é que a gente se respeite. Talvez você possa testar seu aparelho em horários que não atrapalhem tanto, ou quem sabe usar fones de ouvido mais potentes?
Pipo sugeriu: E que tal criar um sistema para a gente saber quando vai ter barulho alto? Assim, podemos nos preparar.
Dr. Juba achou as ideias excelentes. Ele prometeu ser mais atencioso, ajustou seu aparelho para emitir sons mais suaves e criou um pequeno semáforo na porta de seu laboratório: verde significava silêncio, amarelo significava barulho baixo, e vermelho, barulho alto, mas com aviso prévio para todos se prepararem.
A partir daquele dia, Arborópolis voltou a ser um lugar de harmonia. Dr. Juba continuou suas invenções, mas agora com um novo senso de respeito pelo espaço e pela paz de seus vizinhos. Dona Florinda desfrutava de sua meditação, e Pipo, de seus sucos sem frutas voadoras. Todos aprenderam que respeitar o próximo é a melhor invenção de todas.



















