Bira era um pequeno capivara com um coração do tamanho de um melão, mas que batia acelerado a cada vez que pensava no Colégio Flutuante na Árvore Gigante. Ele vivia em uma beira de rio tranquila, onde seus dias eram passados observando a água e as plantas. Agora, ele estava prestes a embarcar em uma nuvem-ônibus, rumo à sua primeira escola, que, diziam, flutuava entre as nuvens, presa a uma árvore tão antiga que alcançava o céu.
Na manhã do primeiro dia, Bira ajeitou sua pequena mochila de folha de vitória-régia e subiu no nuvem-ônibus com as patinhas tremendo. Ao seu lado, uma pequena e vibrante beija-flor de nome Luna, que não parava de chilrear sobre as maravilhas da escola. Luna notou o nervosismo de Bira.
— Oi! Você é novo por aqui, não é? Eu sou Luna! — disse ela, pairando no ar por um instante antes de se sentar na poltrona ao lado.
Bira, um pouco tímido, balançou a cabeça.
— Sou Bira. É meu primeiro dia.
— Ah, você vai adorar! O Professor Grilo é o máximo e a biblioteca tem as melhores folhas para ler!
Quando o nuvem-ônibus finalmente parou, Bira espiou pela janela. À sua frente, um tronco colossal se estendia para o alto, suas raízes enormes servindo de fundação para salas de aula construídas em ninhos gigantes, pontes de cipó e plataformas de folhas que balançavam suavemente com o vento. Um cheiro doce de néctar e madeira velha preenchia o ar.
Luna o guiou até a sala do Professor Grilo. Era uma sala espaçosa, com paredes de casca de árvore e janelas redondas que mostravam a floresta lá embaixo, um tapete verde de copas de árvores. O Professor Grilo, um grilo muito velho e sábio de óculos na ponta do nariz, recebeu Bira com um sorriso caloroso.
— Sejam bem-vindos, pequenos exploradores! Hoje vamos começar uma grande jornada de descobertas sobre o nosso lar, a Floresta Flutuante! — anunciou o professor, sua voz soando como um suave canto.
A primeira aula foi sobre as plantas raras que cresciam apenas nas raízes da Árvore Gigante. Bira, que passava tanto tempo observando a natureza, sabia bastante sobre tipos de folhas e cores de néctar. Mas ele estava com receio de falar na frente de todos. Luna, percebendo, cutucou-o gentilmente.
— Você sabe muito, Bira! O Professor Grilo sempre diz para compartilharmos o que sabemos! — sussurrou ela.
Encorajado pelo olhar amigável de Luna e a calma do Professor Grilo, Bira levantou a patinha.
— Professor… algumas dessas plantas… elas brilham mais forte à noite, certo? Eu já vi isso no meu rio, com as algas.
O Professor Grilo arregalou os olhos por trás dos óculos.
— Que observação brilhante, Bira! Sim, algumas delas são bioluminescentes! Você tem um olho muito atento para a natureza!
Um leve rubor subiu ao rosto de Bira. Ele sorriu. Pela primeira vez, se sentiu realmente parte daquele lugar, não apenas um novato tímido. Durante o recreio, ele e Luna exploraram a ponte de cipó que levava ao refeitório, onde almoçaram frutas doces e folhas frescas. Bira contou a Luna sobre seu rio e Luna falou sobre as nuvens que ela adorava visitar.
Ao final do dia, quando o nuvem-ônibus o levou de volta para casa, Bira já não estava com medo. Ele estava feliz. Ele havia feito uma nova amiga, descoberto que a escola era um lugar cheio de coisas incríveis e, o mais importante, percebido que ser ele mesmo era a melhor forma de brilhar. Seus primeiros dias na escola seriam uma grande aventura de muitos outros dias de aprendizado e amizade.



















