Na pacata vila de Cantareira, onde as casas coloridas se aninhavam perto do Rio Cintilante, morava Lia, uma menina de olhos brilhantes e riso fácil. Lia adorava o rio. Todos os dias, depois da escola, ela corria para suas margens, observando os peixinhos nadarem e os pássaros cantarem. Mas, nos últimos tempos, algo estranho estava acontecendo. O Rio Cintilante, que antes era tão claro que refletia o céu como um espelho, agora parecia triste, com uma cor opaca e alguns objetos flutuando em sua superfície.
Um dia, enquanto Lia tentava avistar seus peixes favoritos, ela ouviu um suspiro profundo vindo de debaixo de uma pedra. Era Bento, um caranguejo ermitão com uma concha colorida e olhos atentos. Bento era conhecido por ser o morador mais antigo daquelas águas, sempre observando tudo com sua sabedoria silenciosa.
Ah, Lia, o rio… ele está chorando, disse Bento com uma voz pequena e rouca. Minha casa está cheia de coisas que não pertencem aqui. Pedacinhos de plástico, garrafas vazias, papéis… A água está doendo.
O coração de Lia apertou. Ela também sentia a tristeza do rio. O que podemos fazer, Bento?, perguntou Lia, preocupada.
Bento balançou suas antenas pensativamente. Precisamos de ajuda. Talvez Dona Cotinha saiba. Ela conhece todos os segredos da natureza.
Dona Cotinha era uma senhora com cabelos brancos como nuvens e um sorriso acolhedor, que morava numa casinha com uma horta comunitária cheia de ervas e flores. Lia e Bento seguiram para lá.
Quando contaram a Dona Cotinha sobre o rio, ela ouviu com atenção, com a mão no queixo. Ah, meus pequenos, o rio está doente por causa da poluição. As pessoas, sem querer, jogam lixo em lugares errados, e a chuva e o vento levam tudo para a água. Mas tem um jeito de ajudar! Precisamos mostrar a todos que o rio é um tesouro que precisa ser cuidado por cada um de nós.
Dona Cotinha pegou um saquinho de sementes. Sabe, assim como plantamos estas sementes para que deem frutos e flores, precisamos plantar a ideia do cuidado com o rio nos corações de todos.
Inspirados pelas palavras de Dona Cotinha, Lia e Bento tiveram uma ideia. Eles começaram a espalhar a mensagem pela vila. Lia desenhou cartazes coloridos com peixes tristes e rios limpos. Bento, com a ajuda de outros caranguejos, recolheu pequenos pedaços de lixo que encontrava na margem, mostrando a todos o que estava sujando o lar deles.
No fim de semana seguinte, Dona Cotinha organizou uma Grande Limpeza do Rio Cintilante. Crianças, adultos e até os mais velhos da vila se uniram. Com luvas e sacos de lixo, eles trabalharam juntos, recolhendo cada garrafa, cada pedaço de plástico, cada papel. Lia e Bento orientavam, apontando os cantinhos mais escondidos.
Foi um trabalho árduo, mas cheio de alegria e união. Ao final do dia, o Rio Cintilante, pouco a pouco, começou a recuperar seu brilho. Os peixinhos, antes escondidos, voltaram a nadar alegremente. O ar parecia mais leve.
Dona Cotinha reuniu a todos. Vejam o que a união e o cuidado podem fazer! O Rio Cintilante nos agradece. Mas lembrem-se, cuidar dele é uma tarefa de todos os dias. Vamos diminuir o lixo, reciclar o que pudermos e jamais jogar nada na natureza.
A partir daquele dia, a vila de Cantareira se tornou um exemplo de cuidado e respeito. Lia e Bento, os pequenos heróis do Rio Cintilante, continuaram a observar as águas, agora cristalinas. Eles sabiam que, com um pouco de esforço e muita amizade, o segredo de um mundo mais limpo estava nas mãos de cada um. E o Rio Cintilante, novamente límpido e cintilante, sorria para todos, agradecido.
