No coração do Bosque Arco-Íris, um lugar onde as folhas das árvores brilhavam em todas as cores e as flores cantavam em uníssono, vivia Nina, uma menina com olhos curiosos e um coração cheio de coragem. Ela amava explorar cada cantinho daquele lugar mágico e colorido. Seu melhor amigo era Juba, um mico-leão-dourado que, apesar de ser muito aventureiro, tinha um cuidado especial com a limpeza e qualquer coisa que parecesse suja ou estranha lhe causava um grande nojo.
Um dia ensolarado, enquanto Nina e Juba seguiam uma trilha nova, eles se depararam com algo peculiar. No meio do caminho, havia uma poça de um líquido espesso e translúcido, que pulsava suavemente com uma luz própria, emitindo um brilho suave e misterioso. No entanto, o que chamou a atenção de Juba foi o cheiro. Era um aroma estranho, terroso e ligeiramente ácido, que o fez enrugar o nariz e afastar-se rapidamente.
Que nojo, Nina! Exclamou Juba, cobrindo o focinho com as patas. Isso parece gosma de um bicho-papão da floresta!
Nina, sem se intimidar com o cheiro, se aproximou da poça. É linda, Juba! Ela disse, observando o brilho cintilante. Parece geleia de estrela. Mas o cheiro é bem diferente, admito. Ela tocou a substância com a pontinha do dedo e sentiu uma textura pegajosa, mas não desagradável. Precisamos descobrir o que é isso. A gente podia perguntar para a Professora Clara.
A Professora Clara era uma onça-pintada sábia e botânica, conhecida por seu vasto conhecimento sobre todas as plantas e fenômenos naturais do Bosque Arco-Íris. Ela vivia em uma casa na árvore, no topo da maior e mais antiga árvore do bosque, onde seu laboratório era cheio de tubos de ensaio, livros antigos e folhas de todos os tipos.
Nina e Juba coletaram uma pequena amostra da geleia cintilante em uma folha grande e a levaram até a Professora Clara. Juba segurava a folha o mais longe possível de si, ainda com a expressão de nojo no rosto.
Professora Clara, olha o que a gente encontrou! Disse Nina, animada, apresentando a amostra. Juba está com nojo do cheiro e da aparência, mas eu achei interessante.
A Professora Clara sorriu gentilmente. Ah, a geleia lumina! Ela pegou a folha com cuidado e observou a substância brilhante. Entendo o seu nojo, Juba. Às vezes, o que parece estranho ou desagradável à primeira vista guarda grandes segredos e utilidades.
Ela explicou que a geleia lumina era produzida por uma espécie rara de cogumelos subterrâneos. Apesar do cheiro peculiar e da textura pegajosa, era o principal alimento das plantas cintilantes do bosque. Sem ela, as plantas não conseguiriam absorver os nutrientes necessários para crescer e emitir sua luz mágica. É como um superalimento para o bosque, mesmo que não seja bonito ou cheiroso como uma flor, disse a professora. Ela até fez uma pequena demonstração, colocando um pouco da geleia em uma semente murcha, que em poucos minutos começou a brotar, liberando um pequeno brilho verde.
Juba observou com os olhos arregalados. Ele ainda não achava a geleia bonita, mas a ideia de que algo tão aparentemente nojento era tão importante para a beleza e vida do Bosque Arco-Íris fez algo mudar dentro dele. O nojo inicial deu lugar à curiosidade e, depois, ao entendimento.
Nina e Juba ajudaram a Professora Clara a espalhar a geleia lumina em algumas áreas onde as plantas estavam mais fracas. Juba, com um pouco menos de relutância, usou uma pequena pá para ajudar a manusear a geleia. Ele percebeu que, quando focava na utilidade e no benefício, o nojo diminuía.
No final do dia, enquanto voltavam para casa, o Bosque Arco-Íris parecia brilhar ainda mais intensamente, graças à geleia cintilante e à lição de que a beleza e a importância podem estar escondidas em lugares inesperados, superando qualquer nojo inicial. Juba aprendeu que nem tudo que parece estranho é ruim, e que às vezes, o que mais nos causa nojo pode ser essencial para a vida e a beleza do mundo.
