A Cidade Flutuante Harmonia Fluvial era um lugar de beleza única, com casas coloridas que flutuavam sobre gigantes vitória-régias no coração da Amazônia. Lá vivia Chico, um tamanduá-bandeira muito esperto, mas com um pequeno hábito: quando algo o frustrava, ele usava seu focinho comprido para dar um empurrãozinho nas coisas, nunca com maldade, mas com um descontentamento silencioso.
Certo dia, Chico estava construindo uma torre de blocos de bambu, e a última peça teimava em não encaixar. Frustrado, ele deu um pequeno empurrão com o focinho, e a torre desabou, derrubando também uma pequena engrenagem que havia caído de um dos inventos do Professor Jubarte, uma baleia-jubarte simpática e um gênio inventor que vivia em seu laboratório submarino, uma bolha brilhante de invenções sob o rio.
Lina, a capivara, que estava por perto regando suas plantas aquáticas, viu a cena. Ela era conhecida por sua calma e sabedoria. Chico, a princípio, sentiu-se um pouco envergonhado.
Chico, disse Lina com sua voz suave, por que você não tenta usar palavras quando se sente assim? As palavras são como pontes, elas nos levam a entender e a ser entendidos.
Chico nunca tinha pensado muito nisso. Ele foi até a borda da vitória-régia onde Lina estava e explicou o que havia acontecido com a torre de bambu. Lina o ouviu atentamente e sugeriu: Talvez o Professor Jubarte possa te ajudar com a engrenagem e te mostrar um jeito diferente de expressar o que sente.
Chico, embora receoso, decidiu seguir o conselho de Lina. Ele nadou até a bolha de invenções do Professor Jubarte, que era um lugar mágico, cheio de luzes e engrenagens giratórias. O Professor Jubarte, com seus óculos grandes na ponta do nariz e um sorriso acolhedor, estava trabalhando em algo grande e brilhante. Era a Máquina de Abrigar Abraços, sua mais recente criação, feita para espalhar conforto e carinho por toda a Harmonia Fluvial.
Quando Chico explicou sobre o empurrão acidental na engrenagem e a frustração com a torre, o Professor Jubarte não ficou bravo. Ele apenas ouviu, com sua sabedoria gentil.
Ah, Chico, disse o Professor, entendo sua frustração. Mas saiba que nossas mãos e focinhos servem para criar e acariciar, não para empurrar quando estamos chateados. Que tal se a gente usasse a força das palavras e dos gestos?
Juntos, os três – Chico, Lina e o Professor Jubarte – trabalharam para consertar a engrenagem da Máquina de Abrigar Abraços. Enquanto trabalhavam, o Professor ensinou a Chico sobre diferentes maneiras de comunicar sentimentos: com um olhar compreensivo, um sorriso amigável, e o mais poderoso de todos, um abraço apertado.
Chico praticou. Da próxima vez que se sentiu frustrado porque sua pipa não queria voar, em vez de empurrar o ar, ele respirou fundo e pediu ajuda a Lina. E quando a Máquina de Abrigar Abraços foi finalmente consertada, Chico foi o primeiro a experimentar. Ele deu um abraço tão apertado no Professor Jubarte, que a máquina emitiu um brilho caloroso, espalhando uma sensação de paz por todo o laboratório.
A Máquina de Abrigar Abraços se tornou o coração de Harmonia Fluvial, e Chico o seu maior defensor. Ele descobriu que não precisava empurrar para se fazer entender. Uma palavra gentil, um pedido de ajuda, ou um abraço caloroso eram muito mais eficazes e traziam muito mais alegria. E assim, Chico, o tamanduá, viveu muitas outras aventuras, sempre lembrando que a gentileza e a comunicação são os maiores poderes que podemos ter.



















