Lia mal podia esperar pelo sábado. Era o dia de visitar a casa do Vovô Beto, e isso significava passar horas na sua horta maravilhosa. Não era uma horta qualquer; para Lia, era um reino de cores e aromas, cheio de segredos para descobrir. Sua melhor amiga nessa aventura era Maroca, uma joaninha de bolinhas bem pretas e brilho nos olhinhos, que sempre pousava em seu ombro e parecia entender tudo o que Lia falava.
Naquele sábado ensolarado, algo parecia diferente. Enquanto Lia e Maroca inspecionavam os canteiros, notaram que as folhas de algumas alfaces estavam um pouco murchas, e os pés de tomate, que geralmente eram cheios e vibrantes, pareciam meio desanimados.
— Maroca, você percebeu? As plantinhas estão um pouco tristes hoje, não estão? — sussurrou Lia, apontando para um pé de couve.
Maroca agitou suas pequenas antenas, como se concordasse, e voou para investigar mais de perto.
Lia se agachou, observando o chão úmido. Lembrou-se do Vovô Beto dizendo que as plantas precisavam de sol, água e terra boa. Havia sol de sobra. E a terra parecia boa, com minhocas fazendo seu trabalho de arejar.
Maroca pousou numa folha de cenoura, balançando a cabeça. Parecia que não era falta de sol ou terra.
Lia foi até o Vovô Beto, que estava podando uma roseira.
— Vovô, as plantinhas da horta estão desanimadas. O que pode ser? — perguntou Lia, com a testa franzida de preocupação.
O Vovô Beto sorriu, um sorriso cheio de sabedoria.
— Ah, minha querida Lia. A horta, assim como a gente, precisa de atenção e um bom ouvido. Vamos investigar juntos.
Vovô Beto pegou sua pequena pá e começou a cavar suavemente perto de uma alface murcha. Lia e Maroca observavam atentamente.
— Veja, Lia — disse o Vovô Beto, mostrando um pedaço de terra um pouco mais compactado do que o normal. — A água não está chegando direito às raízes aqui. E também, algumas folhas estão com uns visitantes indesejados.
Lia viu pequenos insetos minúsculos nas folhas. Não eram joaninhas como a Maroca, mas pareciam pequenos sugadores.
— Eles estão comendo a comidinha das plantas! — exclamou Lia.
— Exatamente! — Vovô Beto confirmou. — Às vezes, a horta precisa de uma ajudinha para se defender e para que a água e os nutrientes cheguem a todos os lugares.
O Vovô Beto explicou que era preciso afofar a terra de vez em quando, para que a água penetrasse bem fundo. E para os visitantes indesejados, ele ensinou Lia a fazer um preparado natural, com água e um pouquinho de sabão, para borrifar nas folhas sem machucar as plantas boas.
Lia, com a ajuda de Maroca, que voava de folha em folha indicando os pontos mais afetados, passou o resto da tarde cuidando das plantinhas. Ela afofou a terra com cuidado, borrifou o preparado e até conversou com as alfaces, dizendo que tudo ficaria bem.
Nos dias seguintes, Lia e Vovô Beto observaram a horta. Pouco a pouco, as folhas murchas foram se reanimando, os pés de tomate voltaram a erguer seus ramos e a horta ficou mais vibrante do que nunca. Lia aprendeu que cuidar da horta era um trabalho de paciência e observação, e que cada planta, por menor que fosse, era um ser vivo que precisava de carinho. Maroca, orgulhosa do trabalho da amiga, voava alegremente entre as flores, observando a horta cheia de vida. Lia sentiu um grande orgulho por ter ajudado a devolver a alegria para o reino do Vovô Beto. A horta não era apenas um lugar de vegetais; era um lugar onde a amizade e o cuidado faziam toda a diferença.
