No coração do Parque Futurista das Invenções Verdes, onde riachos artificiais sussurravam entre flores luminescentes, vivia Clara, uma menina de cachos ruivos e olhos curiosos. Seu melhor amigo era Robério, um robô-jardineiro verde com rodinhas que deslizavam sem fazer barulho. Juntos, eles exploravam cada canto do parque. E sempre por perto, esgueirando-se entre os arbustos, estava Capi, uma capivara jovem e muito esperta, que observava tudo com seus olhinhos brilhantes.
Certo dia, enquanto exploravam uma trilha menos percorrida, perto da estufa de energia solar, Clara tropeçou em algo. Não era uma pedra comum. Era uma semente. Mas que semente! Ela pulsava com uma luz suave e iridescente, como um arco-íris preso em miniatura. Era a Semente Lumina, uma semente raríssima que parecia guardar um segredo precioso, embora não houvesse magia ali, apenas a ciência e a natureza em harmonia.
Os olhos de Clara brilharam. O que faria com algo tão único? Poderia plantá-la em seu próprio vaso, talvez ela crescesse em uma flor que iluminaria seu quarto. A ideia a seduziu. A tentação de guardar algo tão belo e diferente só para si era grande.
Robério, com sua lógica impecável, inclinou sua cabeça metálica. Clara, segundo os protocolos do parque, achados devem ser reportados ao centro de informações. Capi, que observava de perto, soltou um guincho suave e se aproximou, tocando o joelho de Clara com seu focinho úmido. Clara compreendeu. Capi não falava, mas seus olhos transmitiam uma mensagem clara: o que é certo nem sempre é o mais fácil, mas é sempre o caminho mais recompensador.
Clara suspirou, olhando para a semente. Ela sentia um puxão em seu coração. Queria a semente, mas a voz de Robério e o olhar de Capi a fizeram pensar. Que tipo de alegria seria essa se soubesse que algo pertencente a outra pessoa estava em suas mãos? Não seria uma alegria de verdade, seria uma alegria incompleta.
Então, Clara se ergueu. Vamos encontrar o dono, disse ela com firmeza. Robério ativou seus sensores de rastreamento de sementes raras, e Capi cheirava o chão, seguindo um rastro invisível. Eles seguiram um caminho sutil de minúsculas partículas luminosas que a semente havia deixado para trás, como pequenas migalhas de luz.
O rastro os levou até um laboratório botânico, dentro de uma das maiores cúpulas do parque. Lá, Dra. Aurora, uma cientista de cabelos grisalhos e óculos na ponta do nariz, parecia aflita, olhando para um vaso vazio. Ela procurava por algo com uma expressão de preocupação.
Clara se aproximou, estendendo a semente luminosa. Dra. Aurora, esta semente é sua? Um sorriso imenso iluminou o rosto da cientista. Oh, minha querida! Sim, é a Semente Lumina! Eu a estava preparando para o experimento mais importante do ano, para criar a Planta Purificadora do Ar! Ela havia caído do meu bolso. Obrigada, muito obrigada, Clara! Sua honestidade salvou nosso projeto!
Clara sentiu uma onda de calor agradável em seu peito, muito mais forte do que a vontade de ter a semente. A alegria de ter feito a coisa certa era a melhor recompensa. Dra. Aurora convidou Clara, Robério e Capi para assistir ao plantio da Semente Lumina, e juntos, eles viram a pequena semente ser cuidadosamente colocada na terra, prometendo um futuro mais limpo para a cidade, tudo graças à honestidade de uma menina.
