Na vasta e colorida Floresta Encantada das Cores, vivia Rubi, uma tamanduá-bandeira de pelos macios e um focinho muito curioso. Rubi adorava explorar e, mais ainda, provar as frutas suculentas que a floresta oferecia. Mangas doces, abacaxis azedinhos e goiabas rosadas eram seus tesouros. Mas, ultimamente, Rubi percebera algo estranho: as frutas estavam ficando pálidas e com um sabor sem graça. Não era como antes.
Preocupada, Rubi procurou seu amigo Juca, um macaco-prego com olhos brilhantes e sempre rodeado por suas invenções. Juca era conhecido por criar as coisas mais esquisitas e úteis da floresta.
Rubi disse: Juca, você percebeu? Nossas frutas estão perdendo a alegria!
Juca, que estava tentando consertar um remo quebrado com uma banana, respondeu: É verdade, Rubi. Até minhas bananas estão meio murchas. Acho que precisamos de ajuda de alguém muito sábio.
Os dois amigos decidiram visitar Dona Lúcia, uma coruja-buraqueira muito antiga e cheia de histórias, que morava na árvore mais alta da floresta. Dona Lúcia era respeitada por todos por sua sabedoria e paciência.
Quando Rubi e Juca explicaram o problema das frutas, Dona Lúcia fechou os olhos por um momento, pensando. Então, ela abriu suas grandes orbes amarelas e disse: Existe um lugar, meus queridos, um vale escondido onde vive a Árvore Mãe das Frutas. Ela é a guardiã de todos os sabores e cores. Talvez ela esteja precisando de vocês.
A jornada até o Vale Escondido não seria fácil. Eles teriam que atravessar o Rio Cintilante, cujas águas brilhavam como mil diamantes, e depois escalar a Montanha das Folhas Gigantes, onde as folhas eram maiores que casas. Rubi, com sua coragem, e Juca, com suas invenções, estavam prontos.
Juca construiu uma balsa com troncos leves e cipós fortes para cruzarem o Rio Cintilante. Rubi, com seu faro apurado, encontrou o caminho secreto entre as pedras escorregadias. As águas eram cristalinas e cheias de peixes coloridos que nadavam curiosos ao redor da balsa.
Ao chegarem à Montanha das Folhas Gigantes, Juca usou um de seus inventos, uma espécie de gancho feito de galhos e fibras, para ajudar Rubi a subir. A subida era íngreme, mas a cada folha escalada, a floresta abaixo parecia ainda mais magnífica.
Finalmente, eles chegaram ao Vale Escondido. Lá, no centro, estava uma árvore enorme, de galhos retorcidos e folhas que mudavam de cor suavemente. Era a Árvore Mãe das Frutas. Mas ela não parecia feliz. Suas folhas estavam um pouco caídas e poucas frutas nasciam em seus galhos.
Rubi tocou o tronco da árvore com carinho e sentiu uma tristeza profunda. Dona Lúcia havia dito que a Árvore Mãe se nutria do amor e da lembrança dos outros.
Juca, com sua perspicácia, percebeu que a árvore estava solitária. As criaturas da floresta haviam esquecido o caminho até ela, presas em suas rotinas.
Eles decidiram passar o dia com a Árvore Mãe. Rubi contou histórias engraçadas de suas explorações e Juca mostrou seus inventos mais divertidos. Eles regaram suas raízes com a água pura do rio e limparam as folhas delicadamente. Cantaram canções e fizeram promessas de nunca mais a deixar sozinha.
Lentamente, as folhas da Árvore Mãe começaram a se levantar. Pequenos botões coloridos surgiram e se abriram em frutas vibrantes: maçãs que brilhavam como joias, peras que cheiravam a mel e cachos de uvas roxas que pareciam pequenos sóis. O vale se encheu de cores e aromas deliciosos.
Rubi e Juca voltaram para a Floresta Encantada das Cores, carregando algumas das novas frutas. Eles compartilharam a história da Árvore Mãe e prometeram a todos que fariam visitas regulares. A partir daquele dia, as frutas da floresta nunca mais perderam o sabor e a cor, e a amizade entre Rubi, Juca e Dona Lúcia floresceu ainda mais, lembrando a todos a importância de cuidar do que é essencial e do poder da união.