Na pitoresca Fazenda Nuvens Flutuantes, vivia a família Silva: Dona Cotinha, a vovó de coração enorme e mãos que faziam as melhores broas de milho do mundo, Joãozinho, um menino esperto com óculos redondos e uma curiosidade sem fim, e Pipoca, uma capivara risonha que era mais um membro da família do que um simples animal de estimação.
A fazenda era especial. Suas nuvens flutuantes traziam uma chuva singular, a “chuva-doce”, que fazia as frutas crescerem em tamanhos inacreditáveis e com sabores inesquecíveis. As peras eram maiores que bolas de futebol e as morangueiras alcançavam o telhado da casa. Era tudo muito divertido, especialmente quando Pipoca tentava pular para pegar uma uva gigante pendurada.
Um dia, Joãozinho notou algo estranho. As nuvens flutuantes estavam menores, mais distantes, e a chuva-doce caía em menor quantidade. As plantas começavam a murchar um pouco.
Vovó Cotinha, com sua sabedoria de anos, percebeu a preocupação do neto. Ela sentou-se na varanda, acariciando os pelos macios de Pipoca, que parecia entender tudo. Joãozinho expressou sua preocupação: a chuva-doce estava sumindo! Ele perguntou o que fariam.
Dona Cotinha sorriu gentilmente. Ela sabia que este era o momento de revelar um segredo antigo da família. Ela explicou ao neto que as Nuvens Flutuantes não vinham do céu, mas de um lugar muito especial, um lago escondido no coração da Floresta Sussurrante, onde brotavam as Sementes de Vapor.
A aventura começou na manhã seguinte. Joãozinho preparou sua mochila com lanches e um mapa antigo desenhado pela vovó. Pipoca, com um chapéu de palha torto na cabeça, já estava na frente, abanando o rabo.
Eles seguiram por trilhas cheias de árvores altas com folhas em formato de coração e flores que brilhavam no escuro. Pipoca usava seu faro apurado para desviar de raízes escorregadias, e Joãozinho lia o mapa, atento a cada curva.
Chegaram a uma clareira onde árvores de tronco fino e folhas azuladas balançavam suavemente. No centro, havia uma entrada para uma caverna iluminada por cristais que emitiam um brilho suave.
Dentro da caverna, eles encontraram o Lago de Vapor. A água borbulhava suavemente, liberando um vapor perfumado que subia e formava pequenas nuvens. O que estava acontecendo? As Sementes de Vapor, que deveriam flutuar na superfície e alimentar as nuvens, estavam submersas.
Dona Cotinha explicou que as sementes precisavam de um som especial, uma canção de harmonia, para flutuar e liberar o vapor que formava a chuva-doce. Era uma canção que apenas a família Silva conhecia e que só funcionava se cantada com o coração.
Com a vovó começando a melodia, Joãozinho e Pipoca se juntaram. A voz de Dona Cotinha era doce e melodiosa, a de Joãozinho, um pouco desafinada, mas cheia de entusiasmo, e Pipoca soltava pequenos ruídos que pareciam um acompanhamento divertido. À medida que cantavam juntos, as Sementes de Vapor começaram a subir lentamente, liberando mais e mais vapor.
Em pouco tempo, a caverna se encheu de nuvens perfumadas que voaram para fora, em direção à fazenda. A chuva-doce voltou a cair, abundante e revigorante. As plantas da Fazenda Nuvens Flutuantes logo se ergueram, mais vibrantes do que nunca.
De volta à fazenda, a família Silva celebrou. Joãozinho aprendeu que os segredos da natureza são importantes e que a união da família pode resolver qualquer problema. Pipoca, feliz, correu atrás das peras gigantes, sabendo que haveria muitas para brincar. E Dona Cotinha sorriu, sabendo que a tradição da família e o cuidado com a terra seriam passados de geração em geração, assim como a receita de suas broas de milho.