No alto dos céus azuis, onde as nuvens pareciam algodão-doce gigante, existia uma cidade extraordinária chamada Aurora Celeste. Suas construções eram feitas de cristais que cintilavam com as luzes do sol e da lua, e pontes de vento conectavam plataformas suspensas. Lá vivia Lírio, uma menina com olhos curiosos e um coração cheio de perguntas, sempre atenta aos pequenos detalhes do mundo.
Lírio tinha uma amiga muito especial, uma pequena criatura que ela chamava de Faísca. Faísca não era um pássaro nem um inseto, mas sim um ser de pura luz, nascido das energias flutuantes de Aurora Celeste. Ela cintilava em tons vibrantes: amarelo quando estava alegre, azul quando sentia um pouco de tristeza no ar, e um vermelho suave quando algo a deixava inquieta.
Um dia, enquanto observava Faísca voar, Lírio percebeu algo diferente. As cores de sua amiga estavam mudando muito rapidamente, piscando entre tons quentes e frios como um caleidoscópio desgovernado. Lírio sentiu uma pontinha de preocupação. O que estaria acontecendo com Faísca e, por extensão, com sua amada cidade?
Ela decidiu procurar o Professor Astolfo, o inventor mais brilhante — e um tanto excêntrico — de Aurora Celeste. Professor Astolfo tinha um laboratório cheio de engenhocas maravilhosas, incluindo o Emoção-metro, um aparelho que ele jurava conseguir medir o humor da cidade.
Professor Astolfo, com seus óculos grandes escorregando pelo nariz, estava frustrado.
Oh, Lírio, minha querida, exclamou ele. O Emoção-metro está maluco! Os ponteiros pulam sem parar, de Felicidade Extrema a Nostalgia Profunda em questão de segundos. Não consigo entender.
Lírio contou sobre Faísca.
Professor, as cores da Faísca também estão em alvoroço, disse ela. Nunca a vi assim.
De repente, uma lâmpada acendeu sobre a cabeça do Professor Astolfo, não uma lâmpada de verdade, mas uma ideia brilhante.
Minha jovem Lírio, Faísca é um ser elemental de Aurora Celeste, e meu Emoção-metro capta as vibrações. E se… e se as emoções de nossa própria cidade estivessem em desequilíbrio?
Juntos, Lírio, Faísca e Professor Astolfo embarcaram em uma jornada pela cidade. Eles visitaram o Mercado dos Ventos, onde o vendedor de frutas, Sr. Jeremias, estava resmungando porque as correntes de ar haviam derrubado sua barraca. A Faísca brilhou em um tom cinzento. Lírio o ajudou a recolher as frutas, e o Sr. Jeremias sorriu. Um tom amarelo pálido surgiu em Faísca.
Depois, foram à Praça dos Sonhos, onde uma artista, Dona Celeste, pintava um quadro melancólico. Seus traços eram cheios de uma tristeza que Lírio sentiu em seu próprio coração. Lírio sentou-se ao lado dela, sem dizer uma palavra, apenas admirando sua arte. Dona Celeste, sentindo a presença gentil, começou a adicionar cores mais vibrantes à sua tela, e Faísca exibiu um azul mais calmo e profundo.
Eles viram um menino, Pedro, que estava com vergonha de tocar sua flauta de nuvem em público. Faísca estava com um vermelho-tímido. Lírio o encorajou, dizendo que a música dele era linda, e Pedro tocou uma melodia suave que fez as luzes da Faísca dançarem em um rosa alegre.
Aos poucos, enquanto Lírio ouvia, ajudava e encorajava, as cores da Faísca começaram a se harmonizar, e o ponteiro do Emoção-metro do Professor Astolfo se acalmou, indicando um equilíbrio sereno.
Professor Astolfo sorriu.
Lírio, você não mediu as emoções, você as sentiu e ajudou a transformá-las. A cidade precisava de alguém que entendesse que todas as emoções são importantes e que compartilhá-las pode trazer paz.
Lírio aprendeu que sentir alegria, tristeza, raiva ou vergonha é natural. O importante é expressá-las de forma gentil e buscar entender as emoções dos outros. Aurora Celeste nunca mais foi a mesma. As pessoas aprenderam a conversar mais sobre o que sentiam, e a cidade, refletindo essa harmonia, brilhava com uma luz ainda mais calorosa e acolhedora. E a Faísca? Bem, ela continuou a ser o barômetro cintilante das emoções, um lembrete vivo de que, em Aurora Celeste, todos os corações batiam em sintonia.
