Vila dos Sonhos era um lugar encantador, com casas coloridas espalhadas por uma colina que terminava em um mar azul cintilante. No topo da colina, imponente e misterioso, ficava o velho Farol do Tempo, que há muito não guiava navios, mas guardava lendas.
Leo, um menino de olhos curiosos e cabelos rebeldes, mal podia esperar pelo Dia dos Pais. Ele queria dar ao seu pai, Marcos, o presente mais especial do mundo. Marcos, um inventor de brinquedos de madeira e histórias cativantes, era o melhor pai que alguém poderia ter.
Enquanto ajudava Marcos em sua oficina, Leo ouviu o pai contar uma lenda antiga sobre o Farol do Tempo. Diziam que lá dentro, escondida entre as engrenagens paradas e os espelhos empoeirados, havia a Flor do Tempo. Não uma flor comum, mas algo que, ao ser encontrado, revelava a lembrança mais querida de quem a procurava. Leo imediatamente soube: este seria o presente perfeito para Marcos. Ele traria de volta a lembrança mais feliz do seu pai.
Leo compartilhou seu plano com Teco, seu pequeno robô azul metálico, cujos olhos amarelos brilhavam com entusiasmo. Teco era um amigo leal, sempre pronto para uma aventura.
No dia seguinte, com uma mochila nas costas e Teco flutuando ao seu lado, Leo se dirigiu ao Farol do Tempo. O ar dentro do farol era fresco e cheirava a maresia e velhas histórias. Degraus em espiral subiam até o topo, e a luz do sol entrava por pequenas frestas, pintando o pó flutuante no ar.
— Teco, você consegue sentir a Flor do Tempo? — perguntou Leo, sua voz ecoando.
— Sensores ativos. Detectando ressonâncias de memórias felizes em abundância, Leo. Mas nenhuma flor física. — respondeu Teco, sua voz robótica, mas gentil.
Eles subiram e subiram, passando por salas cheias de equipamentos enferrujados e mapas antigos. Em uma das salas, Teco apontou para uma parede coberta de hera.
— Padrão de energia irregular aqui, Leo. Suspeita de passagem secreta.
Com a ajuda de Teco, Leo empurrou a hera e descobriu uma pequena porta escondida. Atrás dela, uma escadaria estreita levava a um andar ainda mais secreto. Ali, a luz era mais suave, e o ar parecia vibrar com algo especial.
A sala era um pequeno tesouro: não havia flores, mas sim caixas empoeiradas, cada uma contendo objetos antigos. Leo abriu uma e encontrou um álbum de fotos amarelado. Ao folheá-lo, viu fotos de Marcos quando era criança, fotos de seus avós, e, em uma página quase no final, um desenho infantil. Era um sol sorridente e duas pessoas de mãos dadas. Leo reconheceu sua própria letra desajeitada abaixo: Pai e eu.
Uma grande emoção tomou conta de Leo. Ele percebeu. A Flor do Tempo não era uma flor que se podia colher. Eram as memórias. As que já existiam e as que ainda seriam criadas. O presente mais especial não era trazer uma lembrança de volta, mas criar uma nova.
No Dia dos Pais, Leo não entregou uma flor mágica. Ele deu a Marcos um álbum de fotos em branco, com uma dedicatória simples na primeira página: Para novas lembranças, Pai.
Marcos abriu o álbum, surpreso. Leo contou sobre sua aventura no Farol do Tempo e sua descoberta sobre a Flor do Tempo. Marcos sorriu, seus olhos marejados.
— Você me deu o presente mais valioso, meu filho. O presente do tempo juntos. — disse Marcos, abraçando Leo apertado.
Naquele dia, eles não ficaram em casa. Foram à praia, construíram um castelo de areia gigante, riram das ondas que o destruíam, e Marcos contou histórias sobre as estrelas enquanto o sol se punha. Teco, com seus sensores, registrava cada risada, cada abraço, cada novo momento. A Flor do Tempo, Leo entendeu, florescia em cada risada, em cada abraço, e em cada novo segredo compartilhado. E esse era o presente mais lindo de todos.