No vasto e etéreo Reino dos Sentimentos Flutuantes, onde cada emoção se manifestava como uma aura colorida, vivia Nuvinha Aurora. Ela não era uma nuvem comum, mas uma criatura delicada de névoa e luz, cujas cores refletiam seu interior. Ultimamente, porém, as cores de Nuvinha estavam opacas e emaranhadas, como fios de algodão descoloridos, e um nó apertado em seu pequeno peito a impedia de voar com a leveza de antes.
Suas amigas, a sábia Estela e a vibrante Brisinha, perceberam a tristeza de Nuvinha. Estela, uma estrela cadente que irradiava tranquilidade e cujos olhos brilhavam com compreensão, e Brisinha, um pequeno ciclone de alegria e energia que girava com vivacidade, eram inseparáveis. Elas se aproximaram, preocupadas com a amiga.
— Nuvinha Aurora, suas cores estão tão misturadas hoje! O que está sentindo? — perguntou Estela com sua voz suave, que parecia um sussurro de vento sideral.
Nuvinha suspirou, um sopro leve que fez algumas pétalas de flores flutuantes dançarem no ar. — Eu não sei, Estela. Sinto um monte de coisas ao mesmo tempo e não consigo separá-las. É como se um peso me puxasse para baixo.
Brisinha, que não conseguia ficar parada por muito tempo, girou em um pequeno redemoinho. — Que tal uma aventura para desembaraçar essas cores? Conheço um lugar onde os sentimentos encontram seu ritmo: a Floresta dos Sussurros Suaves!
As três embarcaram em uma jornada pelo Reino Flutuante. A Floresta dos Sussurros Suaves era um lugar mágico, não por feitiços, mas pela natureza em sua forma mais pura. Árvores com folhas que pareciam penas coloridas balançavam suavemente, e riachos de luz prateada murmuravam canções de ninar.
Enquanto caminhavam, Estela explicou a Nuvinha: — Nossas emoções são como as cores deste jardim, Nuvinha. Cada uma é única e tem seu próprio lugar. A tristeza pode ser o azul profundo, a raiva um vermelho vibrante, e a alegria, o amarelo ensolarado. É importante identificá-las.
Nuvinha começou a prestar atenção. Quando ela sentia o peso no peito, Estela a ajudava a nomear aquele sentimento. — Ah, isso é a saudade — dizia Estela, apontando para um tom de azul que se formava em Nuvinha. — E isso, o medo de não conseguir voar mais alto — um cinza que se misturava ao azul.
Brisinha, por sua vez, mostrava a Nuvinha como expressar esses sentimentos. — Se está com energia acumulada, dance! Se está triste, pode chorar como as gotículas de orvalho da manhã. O importante é deixar fluir! — E Brisinha rodopiava, mostrando movimentos leves e graciosos para cada emoção. Nuvinha tentou imitar, e aos poucos, as cores de seu corpo começaram a se distinguir.
Na Floresta dos Sussurros Suaves, Nuvinha aprendeu a dar espaço para cada uma de suas emoções. Ela percebeu que não precisava lutar contra a tristeza ou a frustração, mas sim reconhecê-las, dar-lhes um nome e um lugar em seu coração. Ela descobriu que conversar com suas amigas e se expressar era como um sopro de vento que levava embora o peso, permitindo que suas cores brilhassem novamente, claras e distintas.
Ao final do dia, Nuvinha Aurora flutuava com uma nova leveza. Suas cores eram um lindo arco-íris, vibrantes e organizadas, e o nó em seu peito havia desaparecido. Ela havia aprendido que cuidar do coração é como cuidar de um jardim: é preciso atenção, carinho e, às vezes, a ajuda de bons amigos para que todas as flores possam desabrochar em sua plenitude.



















