Léo era um menino curioso que morava numa cidade cheia de prédios altos e barulho de carros. Ele gostava de brincar no parque e de desenhar com seus lápis coloridos. Mas, às vezes, sem motivo aparente, Léo sentia uma nuvem cinza seguindo-o. Ela não era uma nuvem de chuva, mas uma nuvem de sentimentos pesados: uma pontinha de tristeza aqui, um fiapo de preocupação acolá. Ela o deixava quieto, sem vontade de brincar.
Seu melhor amigo era Tobi, um pássaro pequeno e muito esperto, com penas azuis vibrantes. Tobi adorava cantar e voar pelas janelas da cidade. Um dia, vendo Léo com a nuvem cinza um pouco maior que o normal, Tobi pousou em seu ombro e chilreou: “Léo, meu amigo, por que você não visita a Dona Flora? Ela tem um lugar especial que pode ajudar.”
Dona Flora era uma botânica muito sábia, com um sorriso acolhedor e óculos redondos que ficavam na ponta do nariz. Ela cuidava de um jardim secreto, escondido entre os edifícios. Não era um jardim qualquer. Era o Jardim dos Sentimentos.
Léo e Tobi foram juntos. Ao entrar, Léo arregalou os olhos. O Jardim dos Sentimentos era um lugar mágico, mas não com poderes encantados, e sim com a beleza da natureza. Havia plantas de todas as cores imagináveis, algumas brilhavam suavemente, outras pareciam dançar com a brisa.
“Bem-vindos ao meu jardim!”, disse Dona Flora, com uma voz doce. “Aqui, cada planta nos ensina sobre um sentimento. Olhe esta aqui”, ela apontou para uma flor amarela e vibrante. “É a Alegria. Ela floresce quando rimos e nos divertimos.” Depois, mostrou uma planta de folhas delicadas e um pouco murchas. “Esta é a Saudade. Ela precisa de um pouco mais de carinho e tempo para se reerguer.”
Dona Flora sentou-se com Léo e Tobi. “A nuvem que você sente, Léo, são seus sentimentos. Eles são como as plantas do meu jardim. Às vezes precisam de sol, outras de água, e em alguns momentos, só precisam de um pouco de atenção e um bom cuidado.”
Ela pegou um pequeno regador e encheu-o de água. “Quando a nuvem cinza aparecer, Léo, tente regá-la com palavras. Converse sobre o que está sentindo, mesmo que seja só com você mesmo, ou com alguém de confiança. Assim como uma planta que precisa de luz para crescer, seus sentimentos precisam de atenção para se transformarem.”
Léo respirou fundo e tentou. Ele fechou os olhos e imaginou sua nuvem cinza. Então, ele sussurrou para si mesmo: “Estou um pouco triste porque não consegui construir minha torre de blocos como eu queria.” Quando abriu os olhos, sentiu a nuvem diminuir um pouquinho. Tobi cantou uma melodia suave, e Dona Flora sorriu.
Nos dias seguintes, Léo continuou a visitar o Jardim dos Sentimentos. Sempre que a nuvem cinza tentava se aproximar, ele se lembrava das palavras de Dona Flora. Ele falava com Tobi sobre seus medos e suas pequenas frustrações. Às vezes, ele só desenhava a nuvem, transformando-a em algo que parecia menos assustador no papel.
Aos poucos, a nuvem cinza de Léo foi ficando cada vez menor, até quase desaparecer. Ele aprendeu que sentir todos os tipos de emoções era natural e que cuidar delas era um superpoder que ele tinha dentro de si. O Jardim dos Sentimentos de Dona Flora e a amizade de Tobi mostraram a Léo que, assim como as plantas, nossos sentimentos precisam de cuidado e atenção para florescerem lindos e saudáveis.