Clara era uma menina de oito anos com o coração cheio de sonhos e a cabeça cheia de ideias. Ela morava em uma cidade movimentada, mas seu lugar favorito era o grande Parque das Águas, um refúgio verde com árvores antigas e um riacho borbulhante. O maior desejo de Clara era ter um animal de estimação, um amigo peludo para chamar de seu. Ela imaginava um cachorrinho brincalhão ou um gatinho ronronante, mas ainda não tinha certeza de como cuidar de um de verdade.
Um dia ensolarado, enquanto Clara explorava uma parte menos conhecida do parque, perto do riacho, ela ouviu um barulhinho diferente. Entre os arbustos, espiou um focinho molhado e olhos curiosos. Era uma capivara! Não uma capivara qualquer, mas uma que parecia ter se afastado do seu grupo. Ela era um pouco menor que as outras que Clara já tinha visto, com o pelo marrom-claro e uma expressão doce. Clara, que sempre dava nomes aos animais que encontrava, decidiu chamá-la de Zeca.
Zeca estava mastigando uma folha grande e fresca, olhando para Clara sem nenhum medo. Clara sentiu uma pontada de alegria. Que animal incrível, pensou! Ela imaginou como seria maravilhoso levar Zeca para casa, ter uma capivara como seu bichinho de estimação. Mas algo a fez parar. Zeca parecia tão à vontade ali, na beira da água, comendo as plantas do riacho. Será que ele ficaria feliz em um apartamento?
Enquanto Clara observava Zeca, uma senhora simpática se aproximou. Era Dona Lurdes, a jardineira do parque, uma mulher com muitos anos e um sorriso que iluminava seu rosto. Ela conhecia cada árvore, cada planta e cada animal do Parque das Águas.
Dona Lurdes saudou Clara com um bom dia e observou que parecia que ela tinha feito um novo amigo.
Clara, animada, respondeu que sim, que era o Zeca, e que ele era tão fofo! Ela confessou que queria muito levá-lo para casa.
Dona Lurdes se ajoelhou perto de Clara, com um olhar gentil. Ela explicou que Zeca era mesmo uma criatura adorável, mas que capivaras como ele eram animais selvagens. O lar delas, disse Dona Lurdes, era ali, no parque, perto da água e das plantas que elas precisavam para viver.
Clara ficou um pouco desapontada, mas muito curiosa. Ela perguntou se eles eram selvagens, pois ele parecia tão manso.
Sim, explicou Dona Lurdes, eles são tranquilos, mas têm necessidades muito específicas. Ela contou que capivaras precisam de bastante espaço, de riachos para nadar e se refrescar, e de uma variedade de plantas para comer. Em uma casa, Zeca não conseguiria ter tudo isso, e ele ficaria triste e doente. Cuidar de um animal de estimação, Dona Lurdes ensinou, significava dar a ele tudo o que ele precisava para ser feliz e saudável, e isso era diferente para cada espécie.
Clara começou a entender. Ela pensou nos seus próprios brinquedos, na sua cama quentinha, na sua comida preferida. Zeca tinha seus próprios brinquedos, como as folhas do riacho, sua própria cama, a grama macia, e sua comida preferida, as plantas aquáticas. O parque era a casa perfeita para ele.
Dona Lurdes continuou seu ensinamento. Ela disse que um animal de estimação era uma grande responsabilidade. Precisávamos escolher um amigo que se adaptasse bem à nossa casa e ao nosso estilo de vida, e que precisasse da nossa ajuda. Muitas vezes, cachorros e gatos em abrigos estavam esperando por um lar cheio de carinho e por alguém que soubesse cuidar deles de verdade. Eles precisavam de um lar humano, diferente de Zeca, que precisava do seu lar natural.
Clara olhou para Zeca, que agora estava bocejando preguiçosamente. Ela sentiu que a lição de Dona Lurdes era muito importante. Ela não queria que Zeca ficasse infeliz em sua casa. Com a ajuda de Dona Lurdes, elas observaram Zeca por mais um tempo, até que o grupo de capivaras dele apareceu, chamando-se com sons suaves. Zeca, com um último olhar para Clara, foi se juntar à sua família, feliz por estar em seu ambiente.
Clara sorriu. Ela sabia o que fazer. Ela ainda queria um animal de estimação, mas agora sabia que precisava encontrar um que realmente precisasse de um lar e que ela pudesse cuidar com todo o carinho e responsabilidade. No fim de semana seguinte, Clara e sua família visitaram um abrigo de animais. Lá, ela encontrou um cachorrinho pequeno e muito simpático, com os olhos mais doces que já vira, que precisava de um lar. Ele se chamava Tobi. Clara sabia que seria a melhor amiga que Tobi poderia ter, e que ela cuidaria dele com todo o amor, respeitando suas necessidades e dando a ele um lar feliz.
E assim, Clara aprendeu que cuidar dos animais é mais do que apenas amar. É entender, respeitar e dar a cada um o que ele realmente precisa, seja um lar no parque ou um lar cheio de carinho em uma família.
