A Grande Mangueira era o lar de muitos animais no coração do Pantanal. Entre suas raízes fortes e galhos frondosos, moravam amigos bem diferentes.

Juba, um tamanduá-bandeira com seu focinho comprido e sua cauda peluda, amava o silêncio. Ele passava as manhãs observando as borboletas e as tardes dormindo tranquilamente. O que mais apreciava era o suave murmurar do vento nas folhas.

Nos galhos mais altos, vivia Pipoca, uma arara-azul com penas que brilhavam sob o sol. Pipoca era pura energia! Ela adorava voar em círculos, cantarolar e, especialmente, fazer barulho. Seu passatempo preferido era bater o bico em galhos secos, criando um ritmo constante – toc-toc, toc-toc-toc.

Um dia, enquanto Juba tentava cochilar, o toc-toc-toc de Pipoca parecia mais alto que o normal. Juba suspirou.
– Ah, Pipoca, será que você não pode fazer um pouquinho menos de barulho? – ele perguntou, com sua voz calma.
Pipoca parou de bater o bico por um segundo e virou a cabeça.
– Barulho? Eu estou fazendo música, Juba! É o ritmo da floresta! – ela respondeu, e recomeçou a bater o bico, ainda mais animada.

Perto dali, em um galho médio, Toco, o macaco-prego inventor, ouvia a conversa. Toco tinha um pequeno laboratório cheio de cabaças, bambus e sementes que ele transformava em coisas úteis. Ele coçava a cabeça.
– Hmm, um problema de ritmo, eu diria – Toco pensou em voz alta. Ele pulou de seu galho e desceu até onde Juba e Pipoca estavam.
– Amigos, o que está acontecendo? – perguntou Toco, com seu sorriso maroto.
Juba explicou sua necessidade de paz, e Pipoca defendeu seu amor por sons.
Toco teve uma ideia.
– E se a gente transformasse esse bater em algo que todos pudessem apreciar? Juba, você gosta de coisas suaves, certo? Pipoca, você adora ritmo. E se a gente batesse, mas de um jeito diferente?

Toco pegou algumas cabaças vazias e bambus finos. Ele ensinou a Pipoca a bater suas asas levemente contra os bambus, criando um som suave e melodioso, como um chocalho de chuva. Para Juba, ele mostrou como bater suas patas grandes e macias no chão da floresta, criando um batucar baixo e constante, como um tambor distante.
Toco, por sua vez, usou duas sementes grandes para bater uma na outra, adicionando um clack-clack divertido.

No começo, foi um pouco desafiador. Pipoca às vezes batia as asas muito forte, e Juba se esquecia de manter o ritmo suave. Mas com a ajuda de Toco, eles começaram a praticar.
Eles descobriram que quando Pipoca batia as asas no bambu, Juba batia as patas no chão, e Toco batia as sementes, todos juntos, criavam uma linda melodia! O ritmo da floresta, agora, era uma sinfonia harmoniosa.

Juba aprendeu que nem todo bater era barulhento; alguns eram canções. Pipoca descobriu que seu ritmo podia ser delicado e ainda assim vibrante. E Toco ficou feliz de ver seus amigos criando algo lindo juntos.
Desde aquele dia, a Grande Mangueira ecoava com os sons alegres da banda de Juba, Pipoca e Toco. Eles batiam, tocavam e cantavam, mostrando a todos que a amizade pode transformar o que parecia ser barulho em uma linda canção.