Num bairro tranquilo, vivia Sofia, uma menina de olhos curiosos e um sorriso sempre pronto para uma nova aventura. Seu melhor amigo, Pedro, era um garoto esperto, com uma paixão por resolver enigmas e desvendar mistérios. Os dois adoravam visitar o Professor Sabichão, um inventor simpático e um pouco excêntrico, cujo laboratório era um verdadeiro tesouro de invenções mirabolantes.
Certo dia, ao chegarem ao laboratório, encontraram o Professor Sabichão terminando sua mais nova criação: um relógio gigante, que brilhava com cores do arco-íris e emitia um zumbido suave. Não era um relógio comum. Era o Relógio do Tempo, capaz de levar quem o ativasse a qualquer época da história.
Professor Sabichão, distraído com a inspeção de um pequeno parafuso, pediu a Sofia e Pedro que não tocassem em nada. Mas a curiosidade de Sofia era maior que seu cuidado. Com um toque leve, ela apertou um botão lateral do relógio. Um clarão intenso envolveu os amigos, seguido por um vento forte que fez seus cabelos voarem. Quando a luz diminuiu, o zumbido cessou. Eles não estavam mais no laboratório.
O ar era diferente, cheirava a café fresco e a jasmins. Sons de violão e pandeiro ecoavam ao longe. Eles estavam em uma rua movimentada, com pessoas vestindo roupas que pareciam saídas de um livro antigo. Carros eram diferentes, e as construções tinham um charme especial. Pedro olhou ao redor, os olhos arregalados. Onde será que estavam?
De repente, uma senhora com um lenço colorido na cabeça passou por eles, sorrindo e cantando uma melodia animada. Sofia e Pedro a seguiram, fascinados, até uma praça onde vários músicos tocavam instrumentos de um jeito contagiante. Era o Rio de Janeiro, no ano de 1920, e eles haviam aterrissado bem no meio de uma roda de samba na Lapa!
Um dos músicos, um homem de chapéu e bigode bem cuidado, notou a perplexidade das crianças. Ele disse Que crianças curiosas! Querem aprender o ritmo do samba? Sofia e Pedro, encantados, logo começaram a bater palmas e a balançar os pés no ritmo da música. Eles dançaram e riram, absorvendo a alegria e a energia daquele tempo. Mas logo a preocupação de como voltar começou a apertar.
Pedro lembrou de um bilhete que o Professor Sabichão havia dado a ele antes de saírem. O bilhete dizia Para voltar, procure o brilho do passado no coração da música. Com o relógio ainda em suas mãos, Pedro notou que uma pequena peça em sua lateral estava solta. Precisavam encontrar a peça para ativar o retorno.
Eles se despediram dos simpáticos sambistas, que lhes deram dicas sobre o mercado local. No mercado, em meio a frutas exóticas e artesanato, eles viram uma bancada com objetos antigos. Sofia, com sua visão aguçada, encontrou a pequena peça, um pequeno rubi que brilhava suavemente. Para obtê-la, o vendedor pediu-lhes para adivinhar o nome de três ritmos musicais antigos. Pedro, com sua inteligência, adivinhou frevo, maxixe e choro, fazendo o vendedor sorrir e entregar o rubi.
Com a peça encaixada, o Relógio do Tempo voltou a zumbir, e um novo clarão os envolveu. Dessa vez, quando a luz se dissipou, eles estavam de volta ao laboratório do Professor Sabichão, que os olhava com um misto de surpresa e alívio. Onde vocês foram, crianças? perguntou ele, percebendo a poeira antiga nas roupas deles.
Sofia e Pedro contaram tudo sobre a aventura, o samba, a Lapa e o ano de 1920. O Professor Sabichão sorriu, orgulhoso da coragem e do trabalho em equipe deles. Eles aprenderam que cada tempo tem sua beleza e que a história está viva em cada melodia e em cada rua. E o mais importante, aprenderam que a maior aventura é a de aprender juntos, valorizando o passado e vivendo o presente com curiosidade e amizade.



















