No coração de um vale florido, onde rios de néctar pareciam escorrer das flores mais coloridas, ficava a Colmeia Solidária. Não era uma colmeia comum, mas uma cidade vibrante construída dentro de uma árvore gigante e antiga. Ali viviam abelhas, besouros, libélulas e muitos outros insetos, todos trabalhando juntos para o bem de todos.
Dona Cotinha, uma abelha mestra com óculos que viviam escorregando do nariz, era quem organizava tudo. Ela tinha pilhas de mapas de flores e tabelas de néctar, sempre pensando em como garantir que ninguém ficasse sem nada. Ao seu lado, estava Bento, o besouro. Bento era forte como um tronco e, com suas patinhas grandes, consertava tudo na colmeia, desde as paredes de cera até as pontes de gravetos. E havia Lia, a libélula, que voava mais rápido que o vento, explorando os cantos mais distantes do vale para descobrir novas fontes de néctar e avisar sobre o tempo.
Um dia, uma estação de muitas chuvas fortes chegou. O néctar estava escasso, e algumas partes da colmeia começaram a ceder. Os pequenos insetos ficaram preocupados.
O que faremos agora?, perguntou um vaga-lume com a luz piscando mais fraca.
Dona Cotinha, calma, mas com um brilho de preocupação nos olhos, chamou Bento e Lia.
Precisamos de um plano, disse ela. A Colmeia Solidária precisa da nossa sabedoria e força mais do que nunca.
Bento, que estava examinando uma rachadura na parede, disse:
Posso reforçar as estruturas, mas vamos precisar de muito barro e galhos secos. A chuva dificulta a busca.
Lia, sempre atenta, completou:
E as flores? As mais próximas estão sem néctar. Precisamos ir mais longe, mas o voo é perigoso com tanta água.
Dona Cotinha pensou por um instante.
É hora de todos se unirem, disse ela. Lia, você vai mapear os locais menos chuvosos, onde as flores ainda guardam néctar. Bento, você vai organizar a equipe de reparos, usando os materiais que já temos estocados. E eu, vou coordenar a distribuição, garantindo que ninguém passe fome enquanto trabalhamos.
A notícia se espalhou pela Colmeia Solidária. Pequenas formigas se ofereceram para carregar galhos pequenos, joaninhas ajudaram a verificar as condições das folhas, e até mesmo as borboletas mais jovens se juntaram para secar as asas dos coletores de néctar.
Lia, voando com cuidado entre as gotas de chuva, encontrou um campo de trevos escondido por rochas, menos afetado pela chuva. Ela voltou correndo para avisar as abelhas.
Bento, com a ajuda das formigas, criou um sistema de coleta de água da chuva para amolecer o barro e facilitar os reparos. Eles reforçaram as paredes e consertaram os caminhos.
Dona Cotinha, com sua paciência, garantiu que cada inseto recebesse sua parte do néctar, por menor que fosse, e que todos tivessem um lugar seco para descansar.
Em poucos dias, o trabalho árduo e a cooperação transformaram a colmeia. As paredes estavam mais fortes do que antes, e o néctar, embora ainda não abundante, estava sendo coletado com sucesso dos novos locais.
A Colmeia Solidária não só sobreviveu à estação das chuvas, mas se tornou ainda mais unida e forte. Dona Cotinha sorriu, vendo todos os insetos trabalhando e brincando juntos.
Entenderam agora?, ela disse baixinho para si mesma. Um bom governo é como uma colmeia: todos trabalhando juntos, com sabedoria, força e um pouquinho de aventura, para que o lar seja sempre seguro e feliz para todos. E assim, sob o céu que finalmente se abria, a Colmeia Solidária prosperou, mostrando que a união faz a força e que a colaboração é o maior segredo de todos.
