Era uma vez, nas profundezas da Floresta dos Ecos, um tamanduá-bandeira muito especial chamado Téo. Téo não era como os outros tamanduás. Enquanto eles procuravam formigas com suas longas línguas, Téo passava os dias escutando. Ele amava os sons que o mundo fazia: o bater suave da chuva nas folhas grandes, o bater das asas das borboletas coloridas ao voar, e até o bater do próprio coração, um som constante e secreto que ele sentia em seu peito.
Um dia, sua amiga, Marina, uma arara-azul de penas vibrantes e olhos curiosos, pousou em um galho perto dele.
Que barulho é esse, Téo?, perguntou Marina, inclinando a cabeça.
É o som do meu coração batendo, Marina, respondeu Téo, com um sorriso. Ele nunca para, sabia? É como uma pequena melodia dentro de mim.
Marina achou a ideia fascinante. Ela nunca havia parado para escutar o próprio coração. De repente, a floresta pareceu ainda mais cheia de sons. O bater do vento nas árvores, o bater das frutinhas quando caíam no chão macio.
Téo e Marina decidiram explorar a Floresta dos Ecos para encontrar novos sons de bater. Eles caminharam por trilhas cheias de flores brilhantes e árvores altíssimas. De repente, chegaram a uma clareira onde havia uma árvore gigante, e dentro dela, um laboratório! Era o Professor Sabichão, uma coruja-buraqueira com óculos grandes e penas bagunçadas, que estava resmungando perto de uma invenção estranha.
O Professor Sabichão era conhecido por suas invenções um tanto… desastradas.
Oh, olá, pequenos exploradores! disse o Professor, quase derrubando um tubo de ensaio. Estou com um problema sério! Este é o Grande Relógio Solar de Ecos. Ele costumava nos dizer a hora exata, mas agora… ele parou de bater! Não faz mais seu tic-tac. Não consigo descobrir qual é o ritmo dele!
Téo se aproximou do relógio. Era uma esfera de cristal enorme, com engrenagens paradas e raios de sol que não se moviam mais. Ele colocou a pata no cristal e sentiu o silêncio.
Ele precisa de um ritmo, Professor? perguntou Téo, lembrando-se da sua própria melodia interna. Um bater constante?
O Professor Sabichão arregalou os olhos.
Exato, meu jovem tamanduá! Mas qual? Tentei todos os ritmos que conheço! O bater das asas de um beija-flor, o bater de um martelo em uma noz… nada funciona!
Marina, que observava atentamente, teve uma ideia.
Téo, e se for o ritmo do seu coração? Você disse que ele é uma melodia constante!
Téo sentiu seu coração bater forte de emoção. Ele fechou os olhos e se concentrou no som. Tum-tum… tum-tum… Ele começou a imitar o som, batendo suavemente suas patas no chão, num ritmo constante e calmo. Tum-tum… tum-tum…
No início, nada aconteceu. Mas Téo não desistiu. Ele se lembrou da coragem de sua amiga Marina e do conhecimento do Professor. Ele continuou a bater suas patas, um ritmo perfeito, como o compasso de uma música suave.
De repente, as engrenagens do Grande Relógio Solar de Ecos começaram a se mover. Lentamente, uma por uma, até que o cristal central começou a brilhar com a luz do sol. O relógio estava batendo novamente! Tic-tac… tic-tac… E o som se espalhava pela Floresta dos Ecos, harmonizando-se com o som dos pássaros e o sussurro do vento.
O Professor Sabichão pulou de alegria, e Marina aplaudiu com suas asinhas. Téo estava radiante. Ele havia descoberto que o ritmo do seu próprio coração, um som tão simples, podia trazer o tempo de volta e harmonizar toda a floresta.
Desde aquele dia, Téo, Marina e o Professor Sabichão se reuniam frequentemente no laboratório. Eles não apenas ouviam o tic-tac do relógio, mas também exploravam todos os outros sons que o mundo podia fazer, descobrindo que cada bater, cada ritmo, tinha sua própria beleza e importância. E a Floresta dos Ecos, com seu novo tempo, nunca mais foi a mesma.