Léo, um menino de 8 anos com cabelos castanhos bagunçados e olhos curiosos, adorava explorar. Ele vivia na cidade de Vila Verde, que parecia uma cidade comum, mas escondia um segredo atrás do quintal de sua vizinha, Dona Cotinha. Um dia, enquanto procurava sua bola que havia saltado o muro, Léo avistou um portão antigo e coberto de hera que nunca havia notado antes. Impulsionado por sua inabalável curiosidade, ele abriu o portão e pisou em um lugar que mudaria sua forma de ver o mundo.
Seus olhos se arregalaram. Não era um quintal comum. Léo havia entrado no Jardim dos Achados. As árvores não eram árvores, mas esculturas brilhantes feitas de garrafas PET coloridas. As flores eram caixas de leite dobradas em formas surpreendentes, e os caminhos eram de cacos de cerâmica polidos, que refletiam o sol. Era um festival de cores e formas inesperadas. No meio desse cenário vibrante, uma pequena criatura rolante, feita de pedaços de metal polido e fios coloridos, com olhos luminosos, se aproximou de Léo. Era Faísca, a guardiã silenciosa do jardim.
Faísca, do tamanho de um abacaxi, tinha três pequenas rodas e uma espécie de pinça delicada. Ela não falava, mas emitia pequenos zumbidos e piscava suas luzes em um padrão amigável, como quem diz olá. Logo depois, Dona Cotinha apareceu, com seu avental florido e um sorriso doce. Ah, Léo, vejo que Faísca lhe deu as boas-vindas ao meu cantinho especial, disse ela com sua voz suave.
Léo, que estava maravilhado, explodiu em perguntas. Dona Cotinha, o que é tudo isso? E quem é essa criaturinha? Dona Cotinha explicou que aquele era o Jardim dos Achados, um lugar onde tudo o que parecia velho, esquecido ou sem uso ganhava uma nova vida. E Faísca, ela é minha ajudante. Ela tem um talento especial para ver a beleza e o potencial em cada pedaço de material. Com suas pinças delicadas e luzes brilhantes, Faísca demonstrava como separar os materiais: o metal para cá, o plástico para lá, o papel para acolá. Era um balé de organização e transformação.
Nos dias que se seguiram, Léo visitou o jardim todos os dias. Dona Cotinha e Faísca o ensinaram a ver o que outros chamavam de lixo de uma forma completamente diferente. Eles mostraram como latas velhas podiam se transformar em vasos de plantas coloridos, garrafas plásticas em enfeites de vento que dançavam com a brisa e caixas de papelão em casinhas de brinquedo para insetos. Léo aprendeu que dar um novo propósito às coisas era uma aventura criativa.
Um dia, Dona Cotinha estava com o semblante triste. Um vaso de flores muito especial, que ela havia feito com pedaços de louça quebrada, tinha se desfeito completamente. Léo, vendo a tristeza da amiga, teve uma ideia. Ele lembrou de uma parte do jardim onde havia muitos cacos coloridos, guardados por Faísca. Com a ajuda da pequena criatura, que guiava com suas luzes os pedaços que se encaixavam perfeitamente, Léo cuidadosamente reconstruiu o vaso, adicionando um toque de sua própria criatividade. Dona Cotinha ficou emocionada, seus olhos brilhando de alegria.
Léo percebeu que reciclar e reutilizar não era apenas uma tarefa de separar lixo, mas um ato de carinho, de criatividade e de cuidado com o mundo. Ele se tornou um defensor do Jardim dos Achados, compartilhando com seus amigos a importância de dar um novo propósito às coisas. O jardim de Dona Cotinha se tornou um símbolo de esperança e inovação em Vila Verde, provando que, com um pouco de imaginação e trabalho em equipe, tudo pode se transformar. E Léo, com Faísca e Dona Cotinha, continuou a mostrar a todos que o verdadeiro tesouro estava em dar valor e uma nova chance ao que já se tem.



















