Florinda, a jardineira de cabelos cor de sol e olhos verdes, notou algo estranho no vasto e exuberante Jardim das Estações. As flores da primavera brotavam no inverno, e as folhas de outono pintavam as árvores no verão. O equilíbrio natural parecia desordenado, e uma preocupação silenciosa pairava no ar.
Um dia, um pequeno passarinho vibrante e colorido, chamado Bento, conhecido por suas longas jornadas e por carregar sementes e histórias, pousou suavemente no ombro de Florinda. Ele trouxe um murmúrio quase inaudível dos ventos, uma mensagem sussurrada de que o Dr. Jequitibá, a sábia e antiga árvore guardiã do conhecimento das estações, precisava de ajuda. Seus galhos, que alcançavam o céu, e suas raízes, profundas na terra, sentiam o descompasso.
Com o coração cheio de curiosidade e determinação, Florinda e Bento embarcaram em uma jornada pelo próprio jardim, mas agora com um olhar renovado. Eles observaram atentamente cada pedacinho daquele mundo transformador. No verão, sob o sol forte, aprenderam a importância de buscar sombra e a apreciar a doçura das frutas maduras que a estação generosamente oferecia. Viram como a vida fervilhava, cheia de energia e calor.
Quando o outono chegou, o jardim se transformou em um espetáculo de tons quentes. As folhas, em um adeus gracioso, dançavam no ar com suas cores de fogo antes de se entregarem ao chão. Florinda e Bento entenderam que a renovação também pode ser um belo desapego, um ciclo necessário para o que viria a seguir.
O inverno trouxe um abraço frio e silencioso. As plantas descansavam, e a paisagem ganhava uma beleza serena, coberta por um leve véu prateado. Eles descobriram a importância do repouso, da quietude e da preparação cuidadosa para o novo começo que estava por vir. Era um tempo de recolhimento, mas também de esperança.
Finalmente, a primavera irrompeu com uma explosão de vida e cores. Brotos surgiram, flores desabrocharam em uma infinidade de matizes, e o jardim exalava um perfume doce e fresco. Era a celebração do despertar, da força do crescimento e da promessa infinita de um novo ciclo, cheio de possibilidades.
Em suas conversas com o Dr. Jequitibá, com sua voz grave e acolhedora, eles compreenderam que o aparente desequilíbrio não era um erro a ser consertado, mas um convite. Um chamado para que Florinda e Bento se conectassem ainda mais profundamente com os ritmos e a sabedoria de cada estação. Não se tratava de restaurar algo que estava quebrado, mas de harmonizar a observação e o respeito pela natureza.
Com a sabedoria ancestral do Dr. Jequitibá e a companhia leal e alegre de Bento, Florinda passou a cuidar do jardim com uma atenção ainda mais profunda. Ela plantava sementes no tempo certo, regava com carinho e entendia a dança invisível que regia cada transformação. Juntos, aprenderam que cada estação é única e vital, e que a colaboração entre todos os elementos da natureza, mesmo os mais pequenos, é fundamental para o equilíbrio e a beleza do mundo.



















