Nina sentia um friozinho na barriga. Não era de fome, nem de medo de aranha. Era um friozinho de coisa nova, de desafio. Naquele dia, ela iria para a Escola das Invenções, um lugar onde as mesas flutuavam e as paredes mudavam de cor sozinhas. Seus primeiros dias ali seriam um mistério a ser desvendado.

Ao passar pelo portão principal, feito de placas solares que giravam suavemente, Nina foi recebida por um macaco-prego muito bem vestido, de óculos de proteção e um pequeno macacão de couro. Era Kiko, o assistente do Professor Bóris, o inventor mais divertido da escola. Kiko acenou com a mão e soltou um chiado de boas-vindas, apontando para uma porta cintilante.

Dentro, o Professor Bóris, um homem de sorriso largo e um chapéu que parecia um mini telescópio, esperava. Ele gesticulava animadamente perto de uma máquina reluzente, cheia de botões coloridos e antenas que piscavam em um ritmo hipnotizante. Era o Telefone Intergaláctico.

“Bem-vinda, Nina! Este é o meu grande projeto!”, disse o Professor Bóris, os olhos brilhando. “Com ele, podemos nos conectar com crianças de outros planetas! Imagine só, aprender sobre a matemática dos octópodes de Netuno ou a poesia dos seres de luz de Gliese 581!”

Nina ficou maravilhada. Mas, no dia seguinte, quando tentavam falar com uma amiga recém-conectada, a pequena Zípora do Planeta Xylos, o Telefone Intergaláctico começou a fazer uns barulhos estranhos. As luzes piscavam descontroladamente e a voz de Zípora parecia vir de debaixo d’água.

“Oh, não!”, exclamou Kiko, pulando de um lado para o outro. “Os cristais de comunicação estão descalibrados!”

O Professor Bóris franziu a testa. “Precisamos de alguém com olhos atentos e mãos rápidas para ajudar a realinhar os cristais. É um trabalho de muita precisão.”

Nina, que até então estava um pouco tímida, sentiu uma pontinha de coragem. Ela observava o professor e Kiko tentarem, mas a dificuldade parecia grande. “Professor, eu posso tentar ajudar?”, perguntou Nina, com a voz um pouco trêmula, mas firme.

O Professor Bóris sorriu. “Excelente, Nina! A coragem é a maior das invenções!” Ele explicou que ela precisaria encaixar pequenos cubos de energia nas ranhuras certas, seguindo as cores que Kiko indicaria com seu laser de ponteiro. Era um verdadeiro trabalho em equipe!

Com Kiko apontando as cores e o Professor Bóris dando instruções, Nina, com sua concentração e paciência, começou a encaixar os cubos. Um por um, os cristais voltaram a brilhar em sincronia. De repente, a máquina parou de fazer barulhos estranhos e a voz de Zípora soou clara e feliz do outro lado da linha.

“Olá, Nina! Que bom que você conseguiu! Meus primeiros dias na minha escola foram bem diferentes, mas adorei conhecer vocês!”, disse a voz de Zípora.

Nina sorriu. Ela havia ajudado a consertar uma máquina intergaláctica e feito uma amiga de outro planeta nos seus primeiros dias na escola! O friozinho na barriga sumiu, dando lugar a uma sensação de alegria e orgulho. Ela descobriu que a Escola das Invenções não era só um lugar de estudos, mas um universo de aventuras e amizades esperando para serem exploradas. E ela não via a hora de descobrir o que o próximo dia lhe reservava.