No vasto continente branco da Antártida, onde o vento gelado sussurrava segredos antigos, vivia um jovem pinguim-rei chamado Pedro. Pedro não era como os outros pinguins. Enquanto seus amigos se divertiam caçando peixes ou deslizando pelas encostas de gelo, Pedro sonhava com o horizonte. Ele ouvia histórias sobre uma ilha distante, onde o gelo cantava, mas ninguém jamais a havia encontrado.
Um dia, enquanto observava o mar cintilante, Pedro viu uma foca brincalhona e ágil mergulhando e saltando entre os icebergs. Era Selma, uma foca-leopardo conhecida por sua energia e curiosidade sem fim.
Selma aproximou-se e perguntou a Pedro por que ele estava tão pensativo. Pedro explicou que sonhava em encontrar a Ilha do Gelo Quebrado, onde diziam que o gelo cantava, mas ninguém acreditava nele. Selma exclamou que aquilo parecia emocionante, que ela adorava uma aventura e que iria com ele, batendo as nadadeiras de alegria.
Pedro e Selma sabiam que a jornada seria longa e desafiadora. Eles precisavam de alguém que conhecesse bem os céus e os mares. Foi então que Alceu apareceu, um albatroz-gigante de penas brancas e olhar sábio. Alceu havia voado por todos os cantos do mundo gelado.
Alceu, com sua voz grave e acolhedora, perguntou aos pequenos aventureiros o que os trazia àquele lugar tão distante. Pedro respondeu com determinação que estavam procurando a Ilha do Gelo Quebrado para ouvir o gelo cantar. Alceu considerou a lenda antiga, mencionando que muitos tentaram e que o caminho era traiçoeiro, com correntes fortes e labirintos de icebergs. Ele acrescentou que com coragem e trabalho em equipe, tudo era possível, e instruiu-os a segui-lo, pois ele os guiaria pelos ventos.
Guiados por Alceu no céu, Pedro e Selma enfrentaram a imensidão azul. Selma, com sua agilidade na água, ajudava Pedro a desviar de correntes perigosas e a encontrar passagens secretas entre os blocos de gelo flutuantes. Pedro, com sua coragem, sempre incentivava Selma quando o cansaço batia, e juntos eles empurravam pequenos icebergs para abrir caminho.
Após muitos dias, sob um céu que pintava tons de rosa e laranja, Alceu apontou com a asa para uma formação rochosa peculiar no horizonte. Ele anunciou que lá estava, a Ilha do Gelo Quebrado!
Pedro e Selma nadaram mais rápido, seus corações cheios de expectativa. Ao se aproximarem, viram que a ilha era diferente de tudo o que já tinham visto. O gelo não era liso e contínuo, mas formava torres esculpidas, arcos naturais e cavernas secretas, todas brilhando com uma luz suave e colorida, vinda de algas marinhas bioluminescentes presas ao gelo submerso.
E então, eles ouviram. Um som suave, melódico e etéreo, como se o próprio ar estivesse cantando. Não era uma canção de palavras, mas uma melodia que a natureza criava. Era o vento, passando por fendas e túneis de gelo, transformando a ilha em um instrumento gigantesco.
Pedro e Selma sorriram. Eles haviam encontrado a ilha e a melodia do gelo. Alceu pousou suavemente ao lado deles e disse que a maior descoberta não era apenas encontrar o que se busca, mas as amizades que se faz e as lições que se aprende no caminho.
Pedro e Selma concordaram. Eles voltaram para casa com histórias incríveis para contar, lembrando-se que a verdadeira aventura estava na coragem de sonhar e na alegria de compartilhar cada momento com amigos. E, claro, com a melodia do gelo cantando em seus corações.



















