Era uma vez, em uma cidade cheia de casinhas coloridas e inventores mirins, vivia Léo. Léo não era um inventor comum; ele adorava mapas antigos e enigmas. Um dia, enquanto limpava o sótão de sua avó, encontrou um mapa tão velho que parecia ter saído de um livro de aventuras. Nele, havia um ponto no oceano marcado com um grande ponto de interrogação e a frase: O Nome?.
A curiosidade de Léo era tão grande quanto o oceano. Ele sabia que precisava descobrir o que era aquilo. Para sua aventura, Léo convidou sua melhor amiga, Pipoca, uma papagaia de penas vibrantes, que falava várias palavras e observava tudo com olhos atentos. Pipoca não era uma papagaia comum; ela tinha um dicionário mental de sons e saberes que impressionava a todos.
Eles também chamaram Joca, um tatu-bola botânico, com seu casco resistente e um olfato para a natureza sem igual. Joca era um sábio, um pouco lento no andar, mas rápido no raciocínio, e conhecia cada planta e cada trilha como a palma da pata.
Juntos, os três embarcaram em um pequeno barco a vela, guiados pelo velho mapa. A viagem foi cheia de risadas de Pipoca e histórias de Joca sobre as plantas marinhas. Finalmente, após dias de navegação, avistaram uma ilha misteriosa, tão verde que parecia pintada.
Ao pisar na areia macia, Léo sentiu uma brisa diferente. Não havia barulho de animais ou vento forte, mas sim um suave sussurro que vinha do interior da floresta. Pipoca, com sua audição aguçada, apontou para uma árvore alta.
Tem uma canção vindo dali, Léo, disse ela. Uma canção sem palavras.
Joca, examinando o solo, notou que as raízes das árvores pareciam vibrar.
Essa ilha tem um pulso, Léo. As plantas se comunicam de um jeito que nunca vi, comentou o tatu-bola.
Seguindo os sussurros e as vibrações, o trio adentrou a floresta. Cada passo os levava mais fundo em um mundo de árvores com folhas que pareciam espelhos e flores que brilhavam no escuro. Os sons se tornavam mais claros, uma melodia complexa e harmoniosa que parecia surgir de todos os cantos.
Eles se depararam com uma clareira onde, no centro, havia uma caverna de cristais. Os cristais eram tão puros que refletiam a luz do sol em todas as cores do arco-íris, e mais importante, amplificavam a melodia que vinha da ilha. Dentro da caverna, a canção era tão nítida que Léo sentiu cada nota em seu peito.
Léo olhou para Pipoca e Joca. Seus rostos refletiam a mesma admiração.
O nome, disse Léo, não é uma palavra que se escreve. O nome dessa ilha é a própria canção que ela canta. É a melodia que faz tudo vibrar e brilhar.
Joca sorriu, um raro sorriso para o tatu-bola.
É a identidade dela, Léo. O som único que a define, disse ele.
Pipoca bateu as asas e cantou uma nota perfeita, imitando um dos sons mais bonitos que ouviram na caverna.
Vamos chamá-la de Ilha da Canção Ecoante, sugeriu Léo, e todos concordaram.
De volta ao barco, enquanto o sol se punha, pintando o céu de laranja e roxo, Léo riscou o ponto de interrogação do mapa e escreveu com cuidado: Ilha da Canção Ecoante. Eles haviam encontrado O Nome, mas de uma maneira que ninguém esperava. Eles aprenderam que a verdadeira identidade de algo pode ser mais profunda e ressonante do que uma simples palavra, e que a aventura de descobrir é a maior recompensa. A amizade deles e a coragem de explorar o desconhecido os levaram a uma das mais belas descobertas.