Na vibrante Cidade Sonhadora, onde cada esquina ecoava com canções alegres e risadas em forma de notas, vivia Joana. Seus cabelos eram um emaranhado de cachos cor-de-sol e seus pés não paravam de acompanhar os ritmos que flutuavam no ar. Joana amava a música mais do que tudo, e seu dia preferido era sentar-se na praça principal, ouvindo a orquestra invisível da cidade.
Mas, de repente, algo estranho começou a acontecer. As melodias que antes dançavam no vento foram diminuindo. Os risos pareciam abafados, e até o canto dos passarinhos da Cidade Sonhadora soava desafinado. Uma nuvem de silêncio triste pairava sobre as ruas, e Joana sentia que algo precioso estava se perdendo.
Determinada a descobrir o que estava acontecendo, Joana lembrou-se do Professor Sabichão, um inventor genial que morava na Torre Harmônica. Ele era famoso por seus aparelhos que capturavam e estudavam sons. Joana subiu os degraus da torre, sentindo o ar ficar mais denso a cada passo, como se o silêncio estivesse ali também.
O Professor Sabichão estava em seu laboratório, cercado por tubos borbulhantes e engrenagens giratórias. Seus óculos escorregavam no nariz enquanto ele examinava um mapa de ondas sonoras. Ah, Joana, ele disse, notou o silêncio? A Cidade Sonhadora está perdendo seu eco. Eu chamo de Desafino.
Joana explicou o que sentia, e juntos, eles começaram a investigar. O Professor Sabichão mostrou a ela um pequeno animal que ele estava estudando: Bento, um tatu-bola um pouco assustado, mas que se encolhia em uma bolinha sempre que alguém se aproximava. Mas, ao rolar, Bento produzia um som diferente, um ritmo suave e constante, quase como um tambor. Joana ficou encantada.
O Professor Sabichão explicou que o Desafino estava absorvendo os sons de alegria, mas o som de Bento era puro e resistente. O problema era que Bento era muito tímido. Joana teve uma ideia. Ela começou a cantarolar uma canção suave e dançar lentamente. Bento, curioso, desenrolou-se um pouquinho. Ao ver a doçura de Joana, ele rolou, e um pequeno tum-tum-tum ressoou no laboratório.
A cada pequeno tum-tum de Bento, uma cor brilhante aparecia nos medidores do Professor Sabichão. Precisamos de mais tum-tuns, Professor Sabichão exclamou, isso pode ser a chave para trazer o eco de volta!
Eles levaram Bento para a praça principal, onde antes a música era abundante. Joana, com sua voz doce, cantou uma canção sobre amizade e coragem. Bento, encorajado pelo apoio de Joana e a curiosidade do Professor Sabichão, começou a rolar de um lado para o outro. Tum-tum-tum! Tum-tum-tum!
Logo, os pequenos tum-tuns se uniram a outras notas, e as antigas melodias da Cidade Sonhadora começaram a retornar. O vento soprou com canções alegres, os pássaros cantaram em perfeita harmonia, e as risadas das crianças voltaram a ecoar. A Cidade Sonhadora estava cheia de música novamente, e tudo graças à coragem de Joana, à inteligência do Professor Sabichão e ao som especial de Bento.
Desde aquele dia, Joana, o Professor Sabichão e Bento se tornaram os guardiões dos sons da Cidade Sonhadora. Eles ensinaram a todos que a música está em toda parte, e que cada um de nós tem um som único para compartilhar. E assim, a Cidade Sonhadora continuou a vibrar com a alegria da música e da amizade.