A cidade de Neonluz era um espetáculo de luzes e tecnologia. Prédios altos flutuavam suavemente sobre campos de energia, e veículos silenciosos cruzavam os céus. Mas no coração dessa modernidade, escondida sob uma cúpula de energia que a mantinha a salvo da deterioração, ficava a Antiga Biblioteca, um lugar esquecido, cheio de livros de papel e segredos do passado.
Um dia, um alerta vindo do centro de dados de Neonluz preocupou a todos: um dos últimos exemplares de um livro raríssimo, O Compêndio dos Sons Antigos, havia desaparecido da Antiga Biblioteca. Pedro, um menino de dez anos com óculos grandes e uma curiosidade que não cabia nele, era o detetive mirim mais promissor da cidade e foi chamado para desvendar o enigma. Ele adorava desvendar mistérios e tinha um caderno de anotações cheio de rabiscos e pistas.
Com seu inseparável amigo Unitário 734, um pequeno robô quadrado e brilhante que flutuava no ar, Pedro se dirigiu à biblioteca. Unitário 734 tinha uma tela que mostrava emoções em pixels e era programado para auxiliar em investigações. Sua fala era um pouco mecânica, mas com um toque de humor. Antes de entrar, eles receberam uma mensagem importante de Dona Jurema, uma coruja idosa e muito sábia que morava no alto da árvore mais antiga de Neonluz. Seus olhos grandes e penetrantes viam muito além do que a maioria percebia, e ela conhecia as histórias de cada canto da cidade.
Ao chegar, o ar empoeirado e o cheiro de papel antigo contrastavam com o mundo lá fora. A bibliotecária holográfica, Senhora Aura, lamentava o sumiço do valioso livro. Pedro examinou cada canto do local com atenção. Unitário 734, com seus sensores avançados, detectou uma leve vibração no ar, quase imperceptível, que levava a uma prateleira secreta, atrás de uma estante de livros de botânica antiga.
Dona Jurema, que observava de um galho próximo à entrada da cúpula de energia que protegia a biblioteca, enviou uma nova mensagem a Pedro: procure pelas pegadas de um pequeno roedor, mas com um toque metálico. Pedro e Unitário 734 seguiram as pistas, que os levaram por corredores labirínticos e escadas empoeiradas, até descobrirem uma pequena fresta na parede que levava a um túnel subterrâneo.
Dentro do túnel, eles encontraram uma série de engrenagens enferrujadas e fios desconectados. Unitário 734, com sua programação para reparos, começou a analisar o sistema. Pedro percebeu que as pegadas mencionadas por Dona Jurema eram, na verdade, marcas deixadas por um pequeno robô de manutenção que havia se perdido há muitos anos, e que se movia de forma errática devido a um defeito.
O pequeno robô, chamado Limpa-Tudo 500, estava com um problema em seu sistema de navegação e, sem querer, havia pego o livro, pensando que era um objeto para ser arquivado em sua própria coleção secreta de curiosidades encontradas. Ele não estava roubando, apenas cumprindo sua programação de forma confusa. Com a ajuda de Unitário 734, eles conseguiram consertar o Limpa-Tudo 500. O robô, agora com sua navegação restaurada, devolveu o Compêndio dos Sons Antigos com uma série de bipes que soavam como um pedido de desculpas robótico. Pedro explicou à Senhora Aura o que havia acontecido, e ela ficou muito aliviada.
A lição que Pedro, Unitário 734 e Dona Jurema aprenderam foi que, às vezes, o mistério não é sobre maldade, mas sobre um simples mal-entendido. E que a amizade, a coragem de investigar e o trabalho em equipe são as melhores ferramentas para desvendar qualquer enigma. Eles também aprenderam a importância de valorizar e cuidar do conhecimento antigo, mesmo em um mundo futurista, garantindo que os segredos do passado nunca se percam.