Lina, uma menina de oito anos com cabelos cacheados e um sorriso que iluminava o dia, chegou para passar as férias na fazenda dos avós, que ficava bem na beira do Vale da Esperança. Era um lugar deslumbrante, onde os rios cantavam canções suaves e as árvores, altas e majestosas, pareciam tocar o céu. Lina mal podia esperar para explorar cada cantinho.
No seu primeiro passeio exploratório, perto do riacho cristalino, Lina avistou uma capivara sentada na beira, com um olhar preocupado. Era Capi, a capivara mais antiga e sábia do vale. Capi não era uma capivara comum; ela entendia a linguagem da floresta e sentia cada mudança nela.
Olá, Capi, disse Lina, aproximando-se devagar. Por que você está com essa carinha triste hoje?
Capi suspirou, apontando com o focinho para um emaranhado de lixo que descia pelo riacho: garrafas plásticas, sacolas coloridas, e até pneus velhos. O Vale da Esperança estava começando a ficar doente.
Lina sentiu um aperto no coração. Como aquilo podia estar acontecendo com um lugar tão lindo? Ela não hesitou. Preciso ajudar, Capi. Mas como?
Capi, com um movimento de cabeça, indicou a floresta. Havia mais lixo escondido entre as raízes das árvores. Lina, com a determinação de uma pequena heroína, começou a recolher o que podia. Mas a tarefa era imensa. Ela sentiu os ombros pesarem, e uma gota de suor escorreu pela testa. Capi sentou-se ao lado dela, oferecendo um conforto silencioso.
Ali perto, o Seu Jatobá, uma árvore milenar e gigantesca, parecia observar tudo. Seus galhos robustos se estendiam como braços protetores, e suas raízes firmes pareciam sussurrar segredos antigos. Sua presença era um lembrete constante da grandiosidade e resiliência da natureza. Lina olhou para o Seu Jatobá e teve uma ideia brilhante.
Capi, disse Lina, seus olhos brilhando. Sozinhas não vamos conseguir. Precisamos da ajuda de todos.
No dia seguinte, Lina desenhou cartazes coloridos com a ajuda de Capi, que usava seu focinho para segurar os lápis enquanto Lina desenhava. Os cartazes mostravam o Vale da Esperança triste com o lixo e feliz quando estava limpo. Com a permissão dos avós, ela os pendurou na pequena vila.
Lina e Capi contaram a história do vale doente para todos que encontravam. Dona Zilda, a doceira, se ofereceu para fazer biscoitos para quem ajudasse. Seu João, o carpinteiro, prometeu construir lixeiras especiais. Logo, a vila inteira estava mobilizada.
No sábado seguinte, uma fila de pessoas, grandes e pequenas, se reuniu no início do Vale da Esperança. Todos com luvas e sacos, prontos para a grande limpeza. Capi e Lina lideravam o grupo, com Seu Jatobá observando orgulhoso à distância. O rio, antes cheio de poluição, foi sendo libertado. O chão da floresta, antes coberto por plásticos, voltou a respirar.
Ao final do dia, o Vale da Esperança estava resplandecente. As águas do riacho voltaram a ser tão claras que se podia ver cada pedrinha no fundo. Os pássaros cantavam ainda mais alto, e as borboletas dançavam em um ritmo alegre. Lina e Capi sentaram-se perto do Seu Jatobá, cansados, mas com o coração cheio de alegria.
Obrigada, Capi, sussurrou Lina. Aprendi que cuidar do nosso planeta é tarefa de todos.
Capi balançou a cabeça, confirmando. O Vale da Esperança estava a salvo, e a amizade entre uma menina e uma capivara havia plantado a semente de um futuro mais verde para todos.