Léo era um menino que amava a floresta ao lado de sua casa. Não havia dia em que ele não se aventurasse por entre as árvores, escutando o canto dos pássaros e o murmúrio do Rio Sussurrante. O rio era seu lugar favorito, com suas águas cristalinas que espelhavam o céu e as árvores.
Certo dia, ao chegar na beira do rio, Léo sentiu um cheiro diferente, não era o cheiro de terra molhada ou de flores selvagens. A água parecia um pouco menos clara, e alguns pequenos peixes que ele sempre via brincando estavam sumidos. Léo ficou preocupado.
Ele correu para encontrar sua amiga, Dona Cotia. Dona Cotia estava sempre ocupada, farejando raízes e sementes, mas seus olhos curiosos nunca perdiam nada.
Léo, com a voz embargada, disse: Dona Cotia, o rio está diferente. Ela farejou o ar e balançou a cabeça. Eu também notei algumas coisas estranhas, Léo. As folhas no chão perto do rio estão um pouco… pegajosas, e o aroma da floresta não é o mesmo.
Eles decidiram procurar Seu Gavião, que via tudo do alto. Léo e Dona Cotia subiram por uma trilha íngreme até um ponto mais alto onde Seu Gavião costumava repousar.
Seu Gavião, o Rio Sussurrante precisa de ajuda, falou Léo assim que avistou a silhueta imponente do pássaro.
O gavião pousou elegantemente. Eu vi, meus pequenos amigos. Vi um rastro estranho descendo das montanhas, algo que não pertence à natureza. Parece vir de onde a água nasce, lá em cima.
Com o coração cheio de coragem e preocupação, os três amigos partiram em uma nova aventura. Léo, Dona Cotia com seu faro apurado, e Seu Gavião guiando-os do céu. Eles seguiram o curso do rio, subindo em direção à nascente. A cada passo, o cheiro estranho ficava mais forte e a água mais turva.
Até que, em uma curva do rio, eles encontraram o problema. Não era um monstro, nem uma criatura sobrenatural, mas algo que as pessoas haviam deixado para trás: garrafas plásticas coloridas, sacolas velhas e até um pneu descartado, tudo acumulado em um pequeno riacho que desaguava no Rio Sussurrante. Era como uma barragem feita de lixo, impedindo que a água pura passasse e contaminando tudo ao redor.
Dona Cotia olhou para Seu Gavião, que assentiu. Léo entendeu. Eles tinham que agir.
Não podemos deixar assim, disse Léo determinado.
Com cuidado, eles começaram a remover o lixo. Dona Cotia usava suas patinhas ágeis para puxar as sacolas menores. Léo, com a ajuda de um galho forte, empurrava as garrafas. Seu Gavião, do alto, guiava-os para os pontos mais difíceis e observava se não havia perigo.
Foi um trabalho duro, mas eles não desistiram. A cada item removido, a água do riacho ficava um pouco mais clara. Pequenos peixes começaram a aparecer novamente, e o cheiro estranho diminuía.
Quando o último item foi retirado, a água limpa do riacho fluiu com força renovada para o Rio Sussurrante. O rio pareceu suspirar de alívio, e suas águas voltaram a brilhar.
Léo olhou para Dona Cotia e Seu Gavião. Conseguimos! exclamou ele, com um sorriso de orelha a orelha.
Seu Gavião soltou um grito de alegria que ecoou pela floresta, e Dona Cotia pulou de felicidade.
De volta à Floresta Encantada de Sereno, o Rio Sussurrante cantava sua melodia cristalina novamente. Léo e seus amigos aprenderam uma lição importante naquele dia: o meio ambiente é um tesouro que precisa ser cuidado por todos. E que a amizade e a união podem resolver grandes problemas. Eles prometeram que sempre estariam atentos para proteger a natureza, garantindo que o Rio Sussurrante continuasse a sussurrar suas belas histórias para as futuras gerações.