Na pequena e charmosa Vila das Águas Claras, onde as casinhas coloridas se espalhavam pelas margens de um rio que um dia foi espelhado e cristalino, vivia Juca, um menino de olhos curiosos e cabelos sempre em festa. Ao lado de sua avó, Dona Flora, que tinha as mãos que transformavam qualquer semente em flor e a sabedoria de mil primaveras, e seu amigo Quinho, um quati travesso e de olfato apurado, Juca passava os dias explorando cada cantinho.
O rio, ah, o rio! Ele era o coração da Vila das Águas Claras. Era onde todos se refrescavam nos dias quentes, onde os barquinhos coloridos deslizavam e onde os peixinhos nadavam felizes. Mas ultimamente, algo estava mudando. Algumas garrafas plásticas flutuavam aqui e ali, um pacote de biscoito aparecia acolá, e até pneus velhos começavam a se acumular nas margens.
Um dia, enquanto Juca e Quinho tentavam pescar, o anzol de Juca enganchou em uma sacola plástica em vez de um peixe. Que tristeza! Quinho, com seu narizinho sempre atento, farejou e fez um barulho de insatisfação.
Dona Flora, sentada na varanda, observava com o coração apertado. Ela amava aquele rio. Naquela tarde, ela chamou Juca para uma conversa especial.
Juca, meu netinho, o rio está pedindo a nossa ajuda, disse ela, com um olhar cheio de carinho. Ele está ficando cansado de tanto lixo. Precisamos ser os guardiões das Águas Claras.
Juca, que era um menino muito esperto e cheio de energia, abriu um sorriso. Guardiões? Eu topo, Vovó! E Quinho, como se entendesse tudo, pulou no colo de Juca, balançando o rabinho.
Na manhã seguinte, a Família Girassol – como Dona Flora carinhosamente os chamava por causa de seu jardim cheio dessas flores – começou a missão. Dona Flora pegou luvas e sacos de lixo resistentes. Juca, animado, carregava um cesto e Quinho, com sua agilidade, fuçava entre as pedras em busca de qualquer papelzinho esquecido.
Eles começaram pela margem mais próxima de sua casa. Foi um trabalho e tanto! Encontraram de tudo: potes de iogurte, pedaços de pano, canudos coloridos. Juca, seguindo as instruções da avó, separava o que podia ser reciclado do que não podia. Plástico em um saco, papel em outro, e o que era orgânico, para a compostagem do jardim de Dona Flora.
No começo, era só a Família Girassol. Mas os vizinhos, vendo o esforço deles, começaram a se aproximar. Primeiro foi Seu Barnabé, o pescador, que ofereceu seu barco para ajudar a recolher o lixo do meio do rio. Depois, a Tia Cotinha, que fazia os bolos mais gostosos da vila, trouxe lanches e suco para a equipe de limpeza.
Em pouco tempo, a Vila das Águas Claras estava em polvorosa! Crianças e adultos, todos com luvas e sacos, trabalhavam juntos. Cantavam músicas, riam e conversavam enquanto limpavam. O rio, antes tão triste, começava a sorrir de novo. A água ficava mais clara, os peixinhos pulavam mais alto, e até os pássaros pareciam cantar com mais alegria.
Ao final do dia, o rio estava quase irreconhecível. As margens estavam limpas, a água brilhava sob o sol poente. A Família Girassol e todos os moradores da Vila das Águas Claras sentiram um orgulho enorme.
Dona Flora, com um abraço apertado em Juca, disse: Vê, meu filho? Quando trabalhamos juntos e cuidamos do que é nosso, a vida fica mais bonita. Cada pedacinho de lixo no lugar certo é um pedacinho de amor que damos ao nosso planeta.
Juca aprendeu que pequenas atitudes, como jogar o lixo na lixeira, separar o reciclável e não jogar nada na rua ou nos rios, fazem uma diferença enorme. E Quinho, que antes só farejava comida, agora farejava sujeira para garantir que o rio continuasse limpo.
Desde aquele dia, a Vila das Águas Claras se tornou um exemplo para outras comunidades. E a Família Girassol continuou sendo a guardiã do rio, mostrando a todos que cuidar do meio ambiente é uma aventura de coragem, amizade e muito amor.
