Guilherme, um menino de uns oito anos com óculos redondos e uma mochila sempre cheia de livros, adorava desvendar mistérios. Um dia, ao abrir seu livro favorito, ele percebeu algo estranho: as vogais haviam desaparecido! As palavras estavam incompletas, cheias de espaços vazios e quase impossíveis de entender. Preocupado, ele ouviu um leve sussurro vindo de sua janela.
Lá, encontrou Pisco, um pequeno beija-flor de penas azuis iridescentes, tão rápido que parecia um raio de luz. Pisco, que tinha uma memória incrível para rotas e padrões, convidou Guilherme para uma aventura na Floresta das Palavras. Sem hesitar, Guilherme o seguiu.
Ao chegarem, a Floresta das Palavras se revelou um lugar extraordinário. As árvores tinham folhas que pareciam páginas de livros antigos, e o chão era coberto por letras de madeira e pedra que brilhavam suavemente. No centro, majestosa, estava a Biblioteca Sibilante, uma árvore colossal cujas raízes formavam estantes e cujos galhos guardavam rolos de pergaminhos com palavras raras. Ali, eles encontraram Dona Silvana, uma simpática e sábia macaca-prego, que usava um lenço de bolinhas na cabeça e parecia muito aflita.
— Ah, que bom que vieram! — exclamou Dona Silvana, com uma voz rouca. — As vogais, as letras mais melódicas e essenciais, se agitaram e se espalharam pela floresta! Uma brisa curiosa passou pelos pergaminhos e as levou embora. Sem elas, as palavras estão mudas e confusas! Tudo está em desarmonia!
Guilherme, com a visão aguçada de Pisco e a sabedoria de Dona Silvana, não pensou duas vezes. Embarcaram na missão de reunir as vogais. Eles viajaram por campos de consoantes murmurantes, atravessaram rios de sílabas fluentes e escalaram pequenas montanhas de acentos gramaticais. A cada vogal encontrada, eles aprendiam sobre a importância de sua melodia e como elas se encaixavam perfeitamente para dar voz às palavras.
Primeiro, encontraram a vogal A vibrante em um campo de amendoeiras, parecendo uma pequena tenda vermelha, dançando com o vento. Em seguida, a vogal E sorridente estava escondida entre as ervas-doce, parecendo uma escadinha verde que subia ao céu. A vogal I, brilhante e fininha, se camuflava em um riacho de água cristalina, refletindo a luz do sol. A vogal O, redondinha e risonha, rolava alegremente entre as orquídeas azuis, como uma bolinha de gude. Por fim, a vogal U, sussurrante e misteriosa, estava aconchegada debaixo de um guarda-chuva de folhas, quase adormecida.
Com todas as vogais reunidas e a salvo, Guilherme e seus amigos as levaram de volta para a Biblioteca Sibilante. Com muito cuidado e trabalho em equipe, reorganizaram cada uma em seu lugar. Lentamente, as palavras nos pergaminhos e nos livros da árvore-biblioteca voltaram a ter sentido, ressoando com histórias e melodias. A Floresta das Palavras voltou à sua harmonia perfeita.
Guilherme aprendeu que cada parte, por menor que pareça, é crucial para formar um todo significativo e que a união faz a força, assim como as letras se juntam para formar palavras e contar histórias incríveis. Com um sorriso no rosto e a mochila cheia de novas aventuras, ele e Pisco se despediram de Dona Silvana, sabendo que a Floresta das Palavras estaria sempre lá, guardando os segredos de cada letra.
