Era uma vez, em um lugar especial no coração do Brasil, existia o Pomar Cintilante. Não era um pomar qualquer; suas árvores davam frutas de cores tão vibrantes que pareciam ter um brilho próprio, suave e convidativo. Crianças e animais do vilarejo próximo adoravam visitar o pomar, pois o sabor de suas frutas era único, capaz de alegrar qualquer um.
Nina, uma menina de cabelos cacheados e olhos curiosos, era uma das frequentadoras mais assíduas do Pomar Cintilante. Ela passava horas observando os pássaros, as borboletas e, claro, saboreando as deliciosas frutas. Um dia, Nina notou algo estranho. As goiabas mais suculentas e as mangas mais doces estavam desaparecendo de certas árvores, enquanto outras estavam cheias de frutas que ninguém tocava. Parecia haver um desequilíbrio, e alguns cantinhos do pomar estavam ficando tristes, com poucas frutas para todos.
Nina decidiu que precisava entender o que estava acontecendo. Enquanto investigava, encontrou o Jabuti Velho Tobias, um jabuti sábio e muito antigo, que morava no pomar há mais tempo do que qualquer um conseguia se lembrar. Tobias tinha um casco liso e brilhante, e seus olhos transmitiam uma calma profunda.
Jabuti Velho Tobias: Olá, pequena Nina. O que te traz com essa carinha pensativa hoje?
Nina: Olá, seu Tobias. É que estou preocupada com o pomar. As frutas não estão sendo divididas de forma justa, e alguns bichinhos estão ficando sem as melhores.
Jabuti Velho Tobias: Ah, a justiça no pomar. Um tema importante. A natureza, Nina, busca sempre o equilíbrio. Quando esse equilíbrio se desfaz, precisamos restaurá-lo.
Juntos, Nina e Tobias começaram a seguir as pistas. Pegadas miúdas e alguns restos de frutas indicavam um caminho pela mata fechada. Não demorou muito para encontrarem o Quati Zeca, um quati espertinho, com pelos amarronzados e um nariz comprido que sempre farejava algo interessante. Zeca estava comendo uma manga enorme, sentado no galho de uma árvore.
Quati Zeca: Hmm, que delícia! Essas são as melhores!
Nina: Zeca! Por que você está pegando tantas frutas? Muitos outros animais estão ficando sem!
Quati Zeca: Ué, Nina. Eu pego onde tem. Meu lado do pomar não tem quase nenhuma árvore dando essas frutas boas. Eu tenho que comer, né?
Nina e Tobias se entreolharam. Não era maldade de Zeca, mas sim uma necessidade. Seu cantinho do pomar realmente não tinha as mesmas árvores frutíferas que outros lugares. Zeca não entendia o conceito de justiça, apenas seguia o instinto de sobreviver.
Jabuti Velho Tobias: Zeca, meu jovem, a floresta é para todos. Precisamos garantir que cada morador tenha o que precisa, e de forma igual. Isso é justiça. Se você só pega daqui sem pensar nos outros, o desequilíbrio vai crescer.
Nina: Nós podemos resolver isso! Que tal replantarmos algumas sementes dessas frutas gostosas no seu lado do pomar, Zeca? E podemos criar um jeito de colher as frutas e dividir tudo igualmente. Assim, ninguém fica sem.
Os olhos de Zeca brilharam. Ele nunca tinha pensado nisso. A ideia de ter suas próprias árvores e de que todos pudessem compartilhar parecia muito boa. No dia seguinte, Nina, Jabuti Velho Tobias e Quati Zeca se uniram. Nina trouxe sementes de casa, Tobias mostrou os melhores lugares para plantar, e Zeca, com sua agilidade, ajudou a cavar e cuidar das pequenas mudas.
Eles também estabeleceram um pequeno ponto de coleta, onde as frutas maduras eram levadas e depois divididas por todos os animais do pomar. Cada um tinha a sua parte, e a alegria voltou a reinar. O Pomar Cintilante, com sua beleza e abundância, agora também brilhava com a luz da justiça. Nina, Tobias e Zeca se tornaram grandes amigos, e todos no pomar aprenderam que, com partilha e um pouco de esforço, a vida se torna mais feliz e equilibrada para todos.
