Era uma vez, numa campina que parecia um tapete bordado com as mais vibrantes cores do arco-íris, vivia Florinda, uma joaninha com sete pintinhas pretas redondas e brilhantes em suas asas vermelhas. Florinda era conhecida por sua curiosidade insaciável e por um leve desequilíbrio que a fazia rolar um pouquinho de vez em quando, para o divertimento das formigas que passavam.

Certa manhã, enquanto Florinda se espreguiçava ao sol, preparando-se para um dia de voos rasantes e brincadeiras nas pétalas das margaridas gigantes, ela notou algo estranho. Contou e recontou: uma de suas pintinhas havia desaparecido! Um pequeno buraco, onde antes havia um pontinho preto perfeito, agora estava vazio. Preocupada, pois sabia que suas pintinhas eram símbolo de sorte e alegria, Florinda decidiu que não descansaria até encontrar sua pintinha perdida.

Com as antenas tremulando de determinação, ela voou em direção ao grande Carvalho Sábio, o ponto de encontro de todos os insetos. No caminho, encontrou Geraldo, um besouro rola-bosta com um casco verde-azulado que reluzia ao sol, empurrando pacientemente sua bola de orvalho. Geraldo, com sua experiência de quem viaja muito pelo chão, ouviu atentamente a história de Florinda.

— Minha jovem joaninha, não se preocupe! Pintinhas podem se soltar de vez em quando. Elas geralmente não vão muito longe. Penso que a sua pode ter rolado até o Jardim das Pedras Reluzentes. É um lugar um tanto distante e diferente, mas já vi coisas pequenas brilharem por lá, disse Geraldo com sua voz calma e grave, apontando com uma das patas para uma área de pedras cintilantes ao longe, onde poucos insetos se aventuravam.

Agradecendo ao sábio Geraldo, Florinda continuou seu voo, agora com um novo destino. Ela passou por campos de flores que se estendiam até onde a vista alcançava, cada uma com pétalas tão grandes que pareciam guarda-chuvas coloridos. O ar estava cheio do perfume adocicado das campainhas silvestres e do zumbido alegre das abelhas.

De repente, um borrão transparente e veloz passou por ela. Era Clarinha, uma libélula com asas finas como véus de seda e olhos que brilhavam com a luz do sol, fazendo acrobacias aéreas perto de um pequeno riacho cristalino. Clarinha, percebendo a joaninha aflita, pousou elegantemente em um talo de grama ao lado de Florinda.

— O que te aflige, pequena joaninha? perguntou Clarinha, com uma voz leve e cheia de energia.

Florinda contou sua história sobre a pintinha perdida e o conselho de Geraldo. Clarinha, conhecida por sua visão aguçada e sua velocidade, abriu um sorriso largo.

— Que aventura! Adoro um bom desafio. Vamos juntas ao Jardim das Pedras Reluzentes! Minha vista de lince e suas patinhas curiosas serão a dupla perfeita para a busca!

Juntas, as duas amigas voaram em direção ao jardim. Ao chegarem, ficaram maravilhadas. O lugar era um labirinto de pedras de quartzo rosa, ametistas polidas e seixos lisos, todos cintilando sob o sol. Parecia um tesouro escondido! Enquanto Clarinha sobrevoava a área, examinando cada fenda e cada musgo com seus grandes olhos, Florinda rastejava entre as pedras, explorando os pequenos túneis e cavernas formados entre elas.

Passaram horas procurando, rindo das pequenas confusões de Florinda e das piruetas de Clarinha. Quando a esperança de Florinda começava a diminuir, Clarinha gritou, apontando para um pequeno tufo de musgo que crescia em uma pedra maior.

— Ali! Ali está ela, Florinda! Bem ali, brilhando como uma mini-pedra preciosa!

E lá estava! A pintinha de Florinda, um pequeno ponto preto, estava presa delicadamente no musgo, reluzindo sob a luz do sol. Florinda correu, pegou sua pintinha com cuidado e, para sua surpresa e alegria, a pintinha se encaixou perfeitamente de volta em sua asa, como se nunca tivesse saído.

Felizes com a descoberta, as duas amigas voaram de volta para a campina, onde Geraldo as esperava, tranquilo. Contaram-lhe a emocionante aventura, e o besouro sábio balançou a cabeça em aprovação. Florinda percebeu que a verdadeira sorte não estava apenas em suas pintinhas, mas na coragem que teve para procurar e, principalmente, na amizade verdadeira de Geraldo e Clarinha. Daquele dia em diante, Florinda continuou a ser curiosa e aventureira, sabendo que, com bons amigos ao lado, qualquer desafio se tornava uma divertida jornada de descoberta.