No alto de um morro florido, onde o sol abraçava a terra com carinho, ficava a Horta Alegre. Ali, cada folha, cada fruto e cada flor pulsava com vida. Dona Cotinha, uma senhora com um avental de cores vibrantes e um chapéu de palha sempre inclinado, era a guardiã desse lugar especial. Ela conversava com as plantas como se fossem velhos amigos, e elas, por sua vez, pareciam balançar alegremente em resposta.
Entre os moradores da Horta Alegre, havia dois que se destacavam: Pedro Pimentinha, um tomateiro mirim que vivia tagarelando e sonhava em se tornar o tomate mais saboroso de todos os tempos, e Florinda Alface, uma alface crespa de folhas verdinhas e macias, conhecida por sua voz doce e tranquilizadora.
Um dia, o riso costumeiro da horta começou a sumir. As folhas de Florinda Alface pareciam mais pálidas, e os pequenos frutos de Pedro Pimentinha não brilhavam com o mesmo vigor. Dona Cotinha notou a mudança. O riacho que serpenteava alegremente entre os canteiros estava mais raso, e o sol, antes amigo, agora parecia queimar sem dó.
— Ai, ai, minha gente, o que está acontecendo? — suspirou Dona Cotinha, acariciando uma folha murcha.
Pedro Pimentinha, com sua energia habitual, balançou seus ramos.
— Dona Cotinha, sinto minhas raízes secas! E Florinda Alface está quase desmaiando de sede!
Florinda, com sua voz calma, confirmou:
— É verdade, a água está sumindo. Sinto falta daquela brisa úmida que o riacho trazia.
Dona Cotinha, com sua sabedoria, inspecionou o riacho. Ela caminhou por suas margens, e logo descobriu o problema: uma rocha enorme havia deslizado e bloqueado o caminho da água, desviando seu fluxo para longe da horta.
— Precisamos mover essa pedra! — exclamou Dona Cotinha, mas a rocha era grande demais para ela sozinha.
Pedro Pimentinha, que sempre gostava de um desafio, convocou uma reunião urgente dos vegetais. Tomates, cenouras, beterrabas e até as pequeninas ervilhas se juntaram, murmurando preocupados.
— Amigos, precisamos de um plano! Nossa horta está em perigo! — disse Pedro Pimentinha, elevando sua voz.
Florinda Alface, com sua calma habitual, sugeriu:
— Sozinhos não conseguiremos. Mas e se cada um de nós, com nossas raízes fortes e caules firmes, tentarmos empurrar a pedra um pouquinho?
A ideia de Florinda Alface foi recebida com entusiasmo. Os vegetais, mesmo sendo plantinhas, tinham uma força incrível quando trabalhavam juntos. Dona Cotinha, com um sorriso de esperança, juntou-se a eles. Ela pegou uma pá e começou a cavar a terra ao redor da rocha, enquanto Pedro Pimentinha e Florinda Alface, com toda a energia de suas pequenas vidas, coordenavam o empurrão coletivo.
Um puxa, outro empurra, um balança, outro inclina. Com a melodia do vento entre as folhas e o canto suave dos pássaros, a rocha começou a se mover, lentamente, centímetro por centímetro. O suor escorria da testa de Dona Cotinha, e os vegetais, mesmo cansados, não desistiam. Eles sabiam que a vida da Horta Alegre dependia deles.
E então, com um último empurrão coordenado e um grande barulho, a rocha rolou para o lado! A água do riacho, que antes estava presa, jorrou novamente em seu caminho original, enchendo os canteiros com sua melodia borbulhante.
A Horta Alegre respirou aliviada. As folhas de Florinda Alface voltaram a ficar vibrantes, e os frutos de Pedro Pimentinha, mais fortes e vermelhos do que nunca, brilhavam sob o sol renovado. Dona Cotinha abraçou suas plantas, sentindo a gratidão em cada folha.
Pedro Pimentinha, orgulhoso, disse:
— Conseguimos! Juntos somos mais fortes!
Florinda Alface, sorrindo, completou:
— Sim, e aprendemos que mesmo os maiores desafios podem ser superados com amizade e trabalho em equipe.
E assim, a Horta Alegre voltou a ser um lugar de risos e cores, onde cada vegetal crescia feliz, lembrando-se da fantástica missão que os uniu. Dona Cotinha continuou a cuidar de sua horta com amor, e Pedro Pimentinha e Florinda Alface se tornaram os guardiões de uma lição valiosa: a união faz a força, e a natureza sempre nos recompensa quando a cuidamos com carinho.