No coração do exuberante Vale do Sol, onde as cores das flores competiam com a intensidade do sol, vivia Florbela, uma abelha mestra de asas douradas e um coração tão grande quanto sua paixão pela polinização. Ela orquestrava o balé das abelhas, garantindo que cada flor recebesse seu beijo de vida.
Perto do riacho cintilante, morava Joca, um sapo verde-claro com um sorriso permanente no rosto e um jeito um tanto desajeitado. Joca adorava contar piadas e vivia em seu próprio mundo de borboletas e risadas.
No topo da árvore mais alta e antiga do vale, residia o sábio Doutor Coruja, cujos grandes óculos redondos pareciam conter toda a sabedoria do mundo. Ele era o conselheiro oficial do Vale do Sol, sempre pronto a oferecer uma palavra gentil e um conselho ponderado.
Um dia ensolarado, enquanto Florbela sobrevoava as margens do vale, notou algo preocupante. As flores no canto mais afastado, perto das pedras cinzentas, estavam murchando. Suas pétalas pendiam tristes, sem o brilho habitual. Um nó de tristeza apertou o peito de Florbela. Como ela poderia ajudar essas flores esquecidas?
Foi então que Joca, distraído com uma joaninha, tropeçou em uma raiz saliente e quase derrubou o pequeno cesto de pólen que Florbela carregava. Em vez de se zangar, Florbela estendeu uma de suas patinhas delicadas e o ajudou a se reequilibrar, soltando uma risadinha junto com ele.
Florbela disse: Ah, Joca, que susto! Você está bem?
Joca respondeu, meio envergonhado: Estou sim, Florbela! Obrigado pela sua gentileza. Eu sou um desastre ambulante. O que você tem nesse cesto?
Florbela explicou sobre as flores murchas. Joca, com seu coração grande, logo ofereceu ajuda: Eu posso fazer alguma coisa?
Juntos, eles decidiram procurar Doutor Coruja. O sábio pássaro os ouviu atentamente, com seus olhos curiosos fixos nos dois.
Doutor Coruja, com sua voz calma e profunda, explicou: Essas flores murchas estão numa área de solo mais seco, e as abelhas não costumam ir até lá. Elas precisam de mais cuidado e água.
Florbela e Joca se entreolharam. Então, Florbela teve uma ideia brilhante.
Florbela exclamou: Que tal se criarmos uma corrente de gentileza? Cada um fará um pouquinho para ajudar!
Com a ajuda de Doutor Coruja, eles organizaram os habitantes do vale. As formigas, com sua força incrível, começaram a carregar gotículas de orvalho da manhã até as flores sedentas. As joaninhas, em suas patinhas minúsculas, ajudavam a mover os pequenos grãos de terra, afofando o solo ao redor das plantas. As outras abelhas, inspiradas por Florbela, concordaram em fazer viagens extras para polinizar as flores esquecidas.
Joca, embora desajeitado, encontrou seu papel. Ele usava seu bom humor para animar a todos, contando piadas e fazendo os outros rirem enquanto trabalhavam. A cada gota de orvalho, a cada grão de terra movido, a gentileza se espalhava como uma brisa suave pelo Vale do Sol.
Dia após dia, o canto das flores murchas começou a mudar. Suas pétalas se ergueram, vibrantes, e o perfume doce voltou a preencher o ar. As flores floresceram novamente, mais belas do que nunca, um testemunho do poder da gentileza e do trabalho em equipe.
Florbela, Joca e Doutor Coruja observaram as flores, sentindo uma imensa alegria em seus corações. Eles aprenderam que mesmo os maiores desafios podem ser superados quando agimos com gentileza, ajudando uns aos outros, e que a verdadeira beleza do Vale do Sol estava não apenas em suas flores, mas também nos corações de seus habitantes.



















