Na comunidade da Horta Flutuante, um lugar incrível onde vegetais de todas as cores e formas cresciam sobre um lago cristalino, vivia uma galinha muito especial chamada Penélope. Ela não era uma galinha comum. Penélope era a mais curiosa de todas, sempre com um olhar atento para cada folhinha e cada broto que surgia. Sua paixão era cuidar da Horta, um trabalho que fazia com muito carinho e dedicação.

Um dia ensolarado, enquanto Penélope inspecionava o canteiro de couves-flor gigantes, algo incomum chamou sua atenção. Escondido entre as folhas verde-azuladas, brilhava um ovo. Mas não era um ovo de galinha. Era grande, com pintinhas que cintilavam suavemente, e tinha uma cor que ela nunca vira: um azul-esverdeado iridescente. Penélope sentiu uma pontinha de excitação e mistério.

Ela logo chamou seus amigos. O primeiro era Espinho, um porco-espinho que, apesar de um pouco medroso, era muito leal. Ele se aproximou devagar, suas agulhas eriçadas.
Que estranho ovo é esse, Penélope? perguntou Espinho, com a voz um pouco trêmula. Será que é seguro?

Logo apareceu Joana, uma joaninha sábia com asas vermelhas e sete pintinhas pretas, que conhecia cada planta da Horta Flutuante como a palma da sua patinha. Ela voou calmamente até o ovo.
Hmm, este não é um ovo comum, meus amigos. Sua energia é diferente. Talvez precise de nossa ajuda, disse Joana, pousando suavemente numa folha ao lado.

Penélope, sentindo seu coração acelerar de curiosidade, decidiu que precisavam descobrir a origem daquele ovo. A aventura começou. Joana explicou que, pelas suas observações das plantas ao redor, o ovo poderia pertencer a um pássaro-sino, uma espécie rara que só aparecia na Horta Flutuante durante um alinhamento especial das plantas celestes. E o ovo precisava ser chocado por uma Flor-Luminosa, que ficava no ponto mais alto e protegido da Horta.

A jornada até lá não seria fácil. Primeiro, eles tiveram que atravessar a Melancia Mecânica, uma área onde enormes melancias funcionavam como engrenagens para o sistema de irrigação. Penélope, com sua inteligência, percebeu que precisavam ativar um certo mecanismo para abrir caminho. Espinho, com sua agilidade, conseguiu se espremer entre as engrenagens e girar uma pequena alavanca escondida. A passagem se abriu, e eles seguiram em frente, com o ovo cuidadosamente protegido.

Em seguida, o trio se viu diante do Labirinto de Milho Gigante, um emaranhado de talos altos e folhas largas que guardava as sementes mais raras da Horta. Era fácil se perder ali. Joana, com sua visão aguçada e conhecimento das correntes de ar entre os milharais, guiou-os. Penélope, usando seu bico forte, removeu alguns talos que bloqueavam o caminho, enquanto Espinho, com seu olfato apurado, ajudava a encontrar a trilha correta.

Finalmente, após passarem por um campo de Dentes-de-Leão Saltitantes que os empurrava para o lado, eles avistaram a Flor-Luminosa. Ela brilhava suavemente, no topo de uma pequena elevação, suas pétalas vibrando com uma luz suave. Era o lugar perfeito. Com cuidado e trabalho em equipe, Penélope e Espinho carregaram o ovo até o centro da flor.

No momento exato em que o ovo foi colocado na Flor-Luminosa, as plantas celestes se alinharam no céu noturno, banhando a Horta com uma luz prateada. O ovo começou a vibrar e, num estalar suave, a casca se rompeu. De dentro, surgiu um filhotinho de pássaro-sino, com penas suaves e um pequeno bico que parecia um sininho. Ele piou baixinho, um som melodioso que ecoou pela Horta Flutuante.

Penélope, Espinho e Joana observaram maravilhados. Eles não só salvaram um filhote, mas também aprenderam que a curiosidade nos leva a grandes descobertas, a coragem nos ajuda a superar desafios e a amizade torna qualquer jornada mais fácil e alegre. Naquela noite, a Horta Flutuante brilhou ainda mais forte, iluminada pela alegria do novo amigo e pela amizade inabalável dos três.