Na Cidade Flutuante, onde as casas pareciam flutuar como bolhas de sabão gigantes e os carros voavam como libélulas coloridas, vivia um menino chamado João. João tinha oito anos e um olhar curioso que sempre buscava além do que os olhos podiam ver. Sua paixão era observar as estrelas do seu telescópio na varanda, sonhando com mundos distantes.

Um dia, enquanto observava o céu noturno, João notou uma luz estranha vinda da casa vizinha, uma casa peculiar, cheia de antenas e objetos que pareciam peças de máquinas. Era a casa de Dona Lúcia, uma senhora inventora com cabelos brancos sempre bagunçados e óculos na ponta do nariz, que vivia em seu próprio universo de engenhocas e descobertas. João, impulsionado pela curiosidade, decidiu investigar.

Ele se aproximou da cerca e espiou pelo buraco. Para sua surpresa, no quintal de Dona Lúcia, escondido entre plantas exóticas e engenhocas reluzentes, havia um foguete! Não um brinquedo, mas um foguete de verdade, com janelas redondas e uma ponta prateada que apontava para o céu.

De repente, Dona Lúcia apareceu, com uma chave de fenda na mão e um sorriso acolhedor. Ah, meu jovem explorador, parece que meu segredo não é mais segredo, disse ela, com uma piscadela. Gostaria de participar de uma pequena viagem experimental ao Planeta Brinquedo?

João arregalou os olhos. Um planeta de brinquedos? Sem pensar duas vezes, ele aceitou. Juntos, eles entraram no foguete. Dona Lúcia apertou alguns botões, as luzes piscaram, e um suave zumbido preencheu a cabine. Três, dois, um… Decolar!

O foguete subiu suavemente, atravessando as nuvens e depois a escuridão do espaço, onde as estrelas brilhavam como diamantes espalhados por um veludo azul-escuro. João estava maravilhado. Depois de um tempo, uma luz colorida começou a aparecer na janela. Era o Planeta Brinquedo!

O Planeta Brinquedo era um lugar incrível. As árvores eram feitas de blocos de montar, os rios de água-marinha fluiam entre montanhas de massinha, e criaturas amigáveis, que pareciam brinquedos esquecidos da Terra que haviam ganhado vida, acenavam para eles. Havia ursinhos de pelúcia voadores, carrinhos de corrida que riam e bonecas que cantavam melodias alegres.

Enquanto exploravam, o foguete começou a fazer um barulho estranho. Bum, bum, bum. Dona Lúcia franziu a testa. Parece que o motor está um pouco resfriado, disse ela, olhando para o painel de controle. João, você poderia me alcançar aquela ferramenta ali?

Com trabalho em equipe, João e Dona Lúcia conseguiram apertar alguns parafusos e o barulho parou. João sentiu um orgulho enorme por ter ajudado.

Eles passaram o dia brincando com os brinquedos, ouvindo suas histórias de como foram amados e depois esquecidos, e como encontraram um novo lar onde a amizade e a alegria reinavam. João aprendeu que tudo tem seu valor e que cuidar do que se tem é um tesouro.

Ao anoitecer, o céu do Planeta Brinquedo se encheu de estrelas cadentes, e era hora de voltar. Eles se despediram dos novos amigos brinquedos, prometendo voltar um dia. A viagem de volta foi tranquila, e logo o foguete aterrissou suavemente no quintal de Dona Lúcia.

João desceu do foguete com um coração cheio de novas memórias e uma amizade especial com Dona Lúcia. Ele não era mais apenas um menino que observava as estrelas; ele era um explorador, um amigo e alguém que sabia que, com coragem e trabalho em equipe, os sonhos mais loucos podem realmente voar. E assim, na Cidade Flutuante, João continuou a sonhar, mas agora com a certeza de que a próxima aventura estava sempre a uma decolagem de distância.