O Laboratório da Imaginação de Léo não era um lugar comum. Escondido no quintal dos fundos, entre um pé de manga gigante e um canteiro de girassóis, era um universo de caixas, tubos, garrafas PET e fios coloridos. Léo, um menino de oito anos com o cabelo sempre bagunçado e os olhos cheios de curiosidade, passava horas ali. Seu melhor amigo e assistente era Flora, uma capivara esperta que, ao invés de roer capim, preferia mastigar circuitos e usar um pequeno chapéu de aviador. Juntos, eles estavam prestes a embarcar em seu experimento mais ambicioso.
A prima de Léo, Bia, de doze anos, chegou com uma mochila cheia de cadernos e um sorriso entusiasmado. Ela era a especialista em plantas do grupo, e seu conhecimento sobre o reino vegetal era vasto.
Hoje, o objetivo era criar a Máquina de Nuvens Cintilantes. Léo queria que o quintal da sua vizinha, Dona Jacinta, que estava um pouco murcho, voltasse a ter vida.
Nós vamos fazer nuvens que regam as flores e ainda trazem alegria com suas cores, explicou Léo, segurando um conta-gotas.
Flora, com seus óculos de proteção descolados, assentiu, cutucando um pedaço de mangueira com o focinho. Bia desenhava o esquema da máquina em um grande quadro.
Vamos precisar de um sistema de bombeamento suave, um compartimento para as essências naturais e um difusor que não machuque as plantas, disse Bia, apontando para o desenho.
O primeiro passo foi montar a estrutura. Usaram caixas de papelão reforçadas e tubos de PVC. Léo se encarregou da parte elétrica, conectando pequenas lâmpadas LED que piscariam quando a máquina estivesse funcionando. Flora, com sua habilidade natural para escavar e encaixar, ajudou a fixar os tubos e recipientes. Bia preparou as misturas: água pura, um pouquinho de glicerina para a consistência e essências de jasmim e eucalipto, cuidadosamente medidas.
Depois de horas de trabalho e alguns ajustes, o momento da verdade chegou. Léo apertou um botão grande e vermelho. A máquina zumbiu. Um pequeno tubo soltou um jato de ar, mas nada de nuvens.
O que houve? perguntou Léo, desanimado.
Flora cheirou o tubo de difusão. Bia examinou o desenho.
Ah! O fluxo está bloqueado. Precisamos de um filtro mais largo aqui, observou Bia, apontando para um detalhe no esquema.
Com um pequeno corte e um pedaço de tela de mosquiteiro reciclado, eles fizeram a correção. Léo apertou o botão novamente. Desta vez, um vapor suave começou a sair, formando pequenas bolhas que se transformavam em minúsculas nuvens coloridas e perfumadas. Elas flutuavam levemente, como algodão doce em tons de azul, rosa e verde, pairando no ar antes de se dissiparem em uma chuva fina e delicada.
É um sucesso! exclamou Léo, pulando de alegria.
Flora bateu as patinhas no chão, empolgada. Bia sorriu, orgulhosa do trabalho em equipe.
A Máquina de Nuvens Cintilantes começou a operar, enviando suas nuvens científicas para o quintal de Dona Jacinta. As flores murchas da vizinha pareciam respirar aliviadas, e as crianças da rua paravam para admirar o espetáculo de cores no céu.
Léo, Flora e Bia aprenderam que com curiosidade, amizade e um pouco de ciência, é possível criar as coisas mais incríveis e trazer muita alegria para o mundo. O Laboratório da Imaginação estava apenas começando suas grandes descobertas.