Júlia adorava sábados. Mas não um sábado qualquer. Ela adorava o sábado da Feira das Mil Cores, que só aparecia uma vez por ano na sua cidade. Era um lugar onde o mundo inteiro parecia se encontrar. Cheiros de temperos desconhecidos se misturavam com o aroma doce de frutas exóticas. Sons de flautas e tambores se uniam a risadas e conversas em línguas diferentes.
Seu Bento, um senhor de olhos curiosos e um sorriso caloroso, estava em sua barraca cheia de objetos brilhantes e coloridos. Ele tinha brincos feitos de sementes, tecidos com desenhos que pareciam dançar e pequenas estatuetas de madeira. Júlia se aproximou, fascinada.
Bom dia, pequena exploradora! Bem-vinda à Feira das Mil Cores, disse Seu Bento, apontando para uma miniatura de um barco a vela. Cada objeto aqui tem uma história de um lugar muito, muito longe.
Júlia sorriu. Ela podia passar horas ouvindo as histórias de Seu Bento. Mas hoje, ele sugeriu algo diferente. Por que não exploramos a feira juntos? Há tantas culturas para descobrir!
Enquanto caminhavam, encontraram uma barraca com instrumentos musicais nunca antes vistos por Júlia. Um menino, com olhos que pareciam guardar segredos e um cabelo liso e escuro, estava sentado, segurando uma pequena flauta de bambu. Era Kaio. Ele parecia um pouco triste, mas seus olhos brilharam quando viu a flauta.
Seu Bento se aproximou com um sorriso. Olá, Kaio! Vejo que trouxe a música da sua terra.
Kaio balançou a cabeça timidamente. Sim, senhor Bento. É uma flauta de dizi. Minha avó me ensinou a tocar. Sinto falta da nossa aldeia.
Júlia, com sua curiosidade natural, perguntou: Você pode tocar para a gente?
Kaio hesitou, mas o olhar encorajador de Seu Bento o convenceu. Ele colocou a flauta nos lábios e começou uma melodia suave, que parecia contar uma história de montanhas e rios. A música era diferente de tudo que Júlia já tinha ouvido, mas era linda. Seus sons a transportaram para um lugar distante, cheio de cores e paisagens vibrantes.
Seu Bento explicou: A música de Kaio vem de um país onde as montanhas são tão altas que tocam as nuvens e os rios são tão antigos quanto o tempo.
Enquanto Kaio tocava, mais pessoas se aproximavam, atraídas pela melodia. Alguns começaram a balançar os pés, outros sorriam. Júlia, contagiada pela alegria da música, começou a imitar os movimentos de dança que Kaio fazia com as mãos, sem perceber. Kaio, vendo Júlia tentar, sorriu. Ele parou de tocar e com um gesto, convidou-a a dançar com ele.
Eles riram enquanto tentavam se entender, um mostrando um passo, o outro tentando copiar. A barreira da timidez e da diferença cultural desaparecia com cada movimento. Logo, mais crianças se juntaram, cada uma trazendo um pouco de seu próprio ritmo. A Feira das Mil Cores se tornou um palco de alegria e união.
Júlia aprendeu que o mundo era um mosaico de cores, sons e histórias. Cada pessoa, com sua cultura, era um pedacinho desse mosaico, tornando-o mais bonito e interessante. Kaio descobriu que mesmo longe de casa, ele podia compartilhar sua cultura e fazer novos amigos. E Seu Bento sorria, satisfeito, vendo a diversidade florescer na sua amada feira.
Ao final do dia, Júlia se despediu de Kaio e Seu Bento, com o coração cheio de novas descobertas e a promessa de voltar. Ela sabia que a verdadeira magia estava em celebrar as diferenças, pois é nelas que encontramos a beleza do mundo.
