No coração da vibrante cidade de Serraviva, aninhada entre colinas verdejantes e campos floridos, vivia uma menina chamada Isabela. Ela tinha cabelos cacheados cor de chocolate e olhos brilhantes que pareciam ver a beleza em cada canto da natureza. Seu lugar favorito no mundo era o Córrego Azul, um pequeno riacho de águas límpidas que serpenteava pela Mata Atlântica, nos arredores da cidade.
Isabela passava suas tardes lá, observando os peixinhos prateados nadarem em harmonia e as libélulas de asas iridescentes dançarem sobre a superfície da água. Mas, um dia, algo mudou. A água do Córrego Azul, antes tão cristalina, começou a ficar um pouco turva. As pedras do leito pareciam menos brilhantes e o cheiro fresco da mata deu lugar a um tom diferente, quase imperceptível.
Preocupada, Isabela se sentou à beira do córrego, quando um tucano de bico colorido, conhecido como Tobias, pousou em um galho próximo. Tobias era um pássaro muito expressivo. Ele balançava a cabeça, fazia sons engraçados e apontava com o bico para as pequenas sujeirinhas que boiavam na água. Ele parecia triste e agitado, o que fez Isabela entender que algo realmente não estava certo. Tobias cantou uma melodia melancólica e voou em direção à casa do Professor Jequitibá.
O Professor Jequitibá era um homem sábio, com uma longa barba branca e olhos gentis que conheciam cada segredo da floresta. Sua casa, feita de madeira rústica, era rodeada por um jardim onde cresciam as mais diversas plantas medicinais. Isabela o procurou e contou sobre o Córrego Azul e o estranho comportamento de Tobias.
O Professor Jequitibá ouviu atentamente, com um semblante pensativo. – Ah, Isabela, o Córrego Azul é o coração de Serraviva. Se ele adoece, todos nós sentimos – disse ele, pegando sua velha lupa de madeira. – Vamos investigar.
Juntos, Isabela, o Professor Jequitibá e Tobias, que os seguia de perto, começaram uma expedição ao longo do córrego. Eles encontraram pedaços de plástico, embalagens de doces e garrafas vazias, que escorregavam para dentro da água. Não era um desastre grande, mas a soma de pequenos descuidos estava sufocando a vida do riacho.
– As pessoas não fazem por mal, Isabela. Elas só não percebem o quanto um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença – explicou o Professor Jequitibá. – Precisamos mostrar a elas.
Com a ajuda de Tobias, que voava pela cidade chamando a atenção com seus cantos alegres, Isabela e o Professor Jequitibá organizaram um grande mutirão. Cartazes coloridos foram feitos, convidando todos os moradores de Serraviva a participar da limpeza do Córrego Azul. No dia marcado, muitas crianças, adultos e até os mais velhos se reuniram.
Com luvas e sacolas, eles trabalharam juntos, recolhendo cada pedacinho de lixo. As risadas ecoavam pela mata enquanto limpavam. Isabela sentiu uma alegria imensa ao ver o córrego, pouco a pouco, recuperar sua vivacidade. O Professor Jequitibá explicava a importância de cada ação, e Tobias comemorava com voos rasantes e pios de felicidade.
Ao final do dia, o Córrego Azul estava novamente límpido e cintilante. Os peixinhos voltaram a dançar e o perfume da mata se intensificou. A comunidade de Serraviva não só limpou o córrego, mas também aprendeu uma lição valiosa sobre a importância de cuidar do meio ambiente. Eles se comprometeram a proteger o Córrego Azul, entendendo que a natureza é um tesouro que precisa ser zelado por todos.
Isabela sorriu, observando o reflexo das nuvens na água agora pura. O Córrego Azul não guardava mais um segredo de tristeza, mas sim a linda história de uma comunidade que se uniu para protegê-lo.
