No coração de uma cidade movimentada, onde os prédios altos tocavam as nuvens e os carros zuniam como abelhas apressadas, vivia uma menina chamada Cora. Cora tinha cabelos cor de castanha e olhos curiosos que viam o mundo de um jeito especial. Desde pequena, seu passatempo favorito era desenhar. Ela desenhava tudo: gatinhos nas janelas, flores nos vasos, até as nuvens que pareciam algodão-doce no céu.
Mas, às vezes, Cora sentia que faltava algo em seus desenhos. As cores pareciam um pouco pálidas, as formas, um pouco sem graça. Ela sonhava em criar algo que brilhasse, algo que contasse uma história sem precisar de palavras.
Um dia, enquanto desenhava em um banco do parque, um pequeno guaxinim de nariz curioso e olhos espertos apareceu. Era Bartô. Ele não era um guaxinim comum; Bartô tinha um olhar que parecia enxergar os detalhes mais escondidos do mundo. Ele segurava uma folha verde-esmeralda, tão brilhante que parecia ter sido pintada.
Bartô soltou a folha perto de Cora e fez um pequeno ruído, como se a convidasse para segui-lo. Curiosa, Cora pegou seu caderno e seus lápis e seguiu Bartô. O guaxinim a levou por caminhos que Cora nunca tinha notado, por trás de uma velha estufa abandonada no fim do parque. Para a surpresa de Cora, a estufa não estava abandonada de verdade. Lá dentro, um jardim secreto se revelava.
As plantas ali não eram como as que Cora conhecia. Havia flores que pareciam feitas de vidro colorido, folhas com padrões que se moviam em tons de azul e roxo, e caules que se entrelaçavam em esculturas vivas. No meio desse jardim, uma senhora de cabelos brancos e um sorriso acolhedor cuidava das plantas. Era Dona Solange, uma botânica que dedicava sua vida a cultivar a beleza mais pura da natureza.
Dona Solange explicou a Cora que a arte estava em todo lugar, esperando ser descoberta. Ela mostrou como o sol criava sombras que dançavam nas folhas, como cada flor tinha um design único e como as cores se misturavam no orvalho da manhã. Bartô, com sua curiosidade, apontava para os detalhes minúsculos que Cora nunca tinha notado: o brilho de uma gota de água na pétala, a textura de uma casca de árvore, o movimento de uma borboleta.
Cora passou a tarde desenhando no jardim de Dona Solange. Com o pincel que antes parecia sem brilho, ela começou a capturar a essência daquele lugar. As cores em seu caderno ganharam vida, vibrantes e cheias de energia. Ela desenhou a forma perfeita de uma folha de bananeira gigante, o contraste entre o verde escuro e o verde claro de um arbusto, e o desabrochar de uma flor que parecia uma explosão de tons laranja e vermelho.
Ao final do dia, Cora olhou para seus desenhos. Eles não eram apenas formas e cores; eram sentimentos, inspirações, a alegria de ver o mundo com novos olhos. Ela aprendeu que a verdadeira arte não estava apenas no papel, mas na forma como observamos e nos conectamos com a beleza ao nosso redor, seja no jardim mais secreto ou na folha mais simples. Cora prometeu a si mesma que continuaria a desenhar e a descobrir a arte em cada cantinho de sua vida, sempre lembrando do segredo do pincel cintilante que ela encontrou no olhar de Bartô e na sabedoria de Dona Solange.



















