Numa vila banhada por rios sinuosos e cercada por campos verdes, vivia um menino chamado Leo. Leo era um sonhador. Seus olhos grandes e curiosos absorviam cada detalhe do mundo, mas havia um segredo que o deixava um pouco triste: as letras nos livros pareciam emaranhados indecifráveis. Ele via as outras crianças lendo e imaginava as maravilhas contidas nas páginas.

Um dia, enquanto observava os pássaros voarem, seu amigo Zeca, um esquilo veloz e muito esperto, pulou em seu ombro. Zeca sempre tinha uma nova história para contar, mas desta vez, sua história era sobre um lugar distante.

Você sabia, Leo, que existe uma Biblioteca Flutuante?, disse Zeca, com os olhos brilhando. Ela viaja pelos céus, carregando todos os livros do mundo, e é guardada por uma criatura muito, muito sábia. Dizem que ela ajuda quem quer aprender a desvendar os mistérios das palavras.

A ideia acendeu uma faísca no coração de Leo. Uma biblioteca nos céus? Isso era diferente de tudo que ele já tinha ouvido. Ele decidiu que precisava encontrar aquele lugar. Com a mochila nas costas e Zeca no ombro, ele partiu. A jornada não foi fácil. Eles atravessaram vales profundos, subiram colinas íngremes e seguiram o rastro de nuvens que Zeca dizia serem as marcas da biblioteca no céu.

Depois de muitos dias, quando a esperança começava a fraquear, uma sombra gigante apareceu no horizonte. Era a Biblioteca Flutuante! Uma estrutura imponente, feita de madeira polida e balões gigantes coloridos, flutuava suavemente acima deles, como um castelo no ar. Leo e Zeca encontraram uma rampa dourada que descia até o chão e, com o coração batendo forte, subiram.

Ao entrar, foram recebidos por um aroma delicioso de papel antigo e aventura. As estantes se estendiam até o teto, repletas de livros de todos os tamanhos e cores. E lá, sentada em uma escrivaninha feita de nuvens solidificadas, estava Dona Arminda. Ela não era uma criatura mística, mas uma simpática e gentil tatu-bola, com óculos redondos e um sorriso acolhedor. Ela usava um pequeno avental bordado com letras de todas as línguas.

Bem-vindos, pequenos aventureiros! Eu sou Dona Arminda, guardiã desta biblioteca. O que os trouxe aqui?, perguntou com uma voz suave e melodiosa.

Leo, um pouco tímido, explicou seu desejo de aprender a ler. Dona Arminda ouviu com atenção e, com um piscar de olhos, convidou-os a um canto aconchegante.

A leitura é como uma grande caça ao tesouro, meu caro Leo. Cada letra é uma pista, cada palavra é um mapa, e cada livro é um tesouro inteiro!, disse ela, enquanto pegava um livro ilustrado.

Dona Arminda não ensinou Leo de forma chata. Ela fez das letras um jogo divertido. Eles exploraram os sons das vogais como ecos em uma caverna, e as consoantes como pequenas surpresas que completavam os sons. Zeca ajudava, apontando para as letras nas ilustrações com sua patinha ágil, e ria quando Leo acertava.

No começo, era um pouco difícil. Algumas letras pareciam se esconder, outras trocavam de lugar. Mas Leo, lembrando-se da longa jornada que fizera para chegar ali, não desistiu. Dona Arminda tinha uma paciência infinita. Ela o encorajava com histórias de exploradores que nunca desistiam e de inventores que tentavam mil vezes até conseguir.

Lentamente, as letras começaram a fazer sentido. Primeiro, seu próprio nome. Depois, palavras simples como sol, flor, casa. A cada palavra desvendada, um sorriso maior surgia no rosto de Leo. Ele descobriu que as palavras não eram apenas símbolos, mas janelas para outros mundos.

Um dia, Leo pegou um livro sozinho. Com o dedo, ele seguiu as palavras, e para sua alegria, a história de uma pequena nave que viajava entre as estrelas começou a se formar em sua mente. Ele estava lendo! Zeca pulou de alegria em seu ombro.

Dona Arminda, observando de longe, sorria. Ela sabia que Leo não tinha apenas aprendido a ler, mas havia descoberto a coragem de persistir, a alegria da amizade e o vasto universo que cada livro guarda.

Leo e Zeca passaram mais alguns dias na Biblioteca Flutuante, explorando novos livros e ouvindo as histórias de Dona Arminda. Quando chegou a hora de partir, Leo já não era o mesmo menino. Ele carregava não apenas um livro de presente de Dona Arminda, mas a certeza de que a aventura de aprender nunca termina, e que cada palavra lida é um passo para um mundo de possibilidades infinitas. A Biblioteca Flutuante continuou sua jornada pelos céus, mas o segredo da leitura já estava guardado no coração de Leo, pronto para ser compartilhado com todos.