Dudu tinha um grande sonho. Não era um sonho de voar em naves espaciais ou descobrir tesouros, mas algo muito mais emocionante para ele: andar de bicicleta. Sua bicicleta azul-marinho, novinha em folha, esperava por ele na garagem, mas toda vez que Dudu subia nela, sentia um frio na barriga. O medo de cair era maior que a vontade de pedalar.
Na Rua dos Cajueiros, onde Dudu morava, havia sempre um burburinho. Dona Lúcia, vizinha do Dudu, vivia regando suas plantas e, de vez em quando, acenava para o menino. Ela percebia a aflição do Dudu com a bicicleta. Um dia, enquanto Dudu tentava novamente se equilibrar, cambaleando e quase caindo, Dona Lúcia chamou: Meu querido, o segredo é olhar sempre para a frente, para onde você quer ir, não para os seus pés.
Dudu pensou naquilo. Olhar para a frente. Mas o que mais o inspirava era ver Umberto, o entregador. Umberto era um maestro sobre duas rodas. Com sua bicicleta amarela já um pouco gasta, mas que parecia um pedaço dele, ele subia e descia a Rua dos Cajueiros, levando e trazendo encomendas com uma agilidade impressionante. Umberto parecia flutuar, desviando de pedras e buracos com facilidade. Dudu o observava com admiração, imaginando como seria ter aquela liberdade.
Certo sábado ensolarado, Dudu decidiu que seria o dia. Ele pegou sua bicicleta azul e foi para o início da pequena descida da Rua dos Cajueiros. O coração batia forte. Ele se lembrou das palavras de Dona Lúcia e do jeito leve de Umberto. Dudu respirou fundo. Primeiro, ele empurrou a bicicleta com os pés, deslizando, sentindo o vento no rosto. Era um pouco assustador, mas também emocionante. Ele começou a pedalar devagar, um pé, depois o outro. A bicicleta balançou, mas ele não olhou para os pés. Olhou para a frente, para o final da descida, para a praça com o chafariz.
De repente, aconteceu. Um pedal, dois pedais, e a bicicleta estava em movimento constante! Dudu sentiu um equilíbrio que nunca imaginou. Ele pedalou mais rápido, os cachos balançando com o vento. Um sorriso enorme se abriu em seu rosto. Ele conseguiu! Dona Lúcia, do jardim, aplaudiu. Umberto, que passava com sua bicicleta amarela, tocou a buzina amigavelmente. Dudu deu uma volta completa na praça e voltou, parando com segurança. Ele sentiu uma mistura de orgulho e alegria. Não era só sobre pedalar, era sobre descobrir que com um pouco de coragem e um olhar para a frente, qualquer desafio poderia ser superado. E a Rua dos Cajueiros nunca mais seria a mesma para Dudu.
