Era uma vez, às margens do tranquilo Rio Sereno, morava Dona Cotinha, uma galinha caipira de penas brancas e um coração ainda mais branco. Dona Cotinha era famosa em toda a redondeza por sua horta. Ah, que horta! Cenouras laranjas vibrantes, alfaces verdinhas, tomates redondos e suculentos. Era um verdadeiro arco-íris de sabores e cores. Seu neto, Miguel, um menino de olhos curiosos e um sorriso fácil, adorava passar as tardes ajudando a avó a cuidar das plantinhas. Ele aprendia sobre a terra, sobre a água e sobre a importância de cada brotinho.
Mas, um verão, o sol brilhou mais forte do que o normal. O Rio Sereno estava mais baixo, e a horta de Dona Cotinha começou a sentir o calor. As folhas murchavam, e as cores vibrantes davam lugar a um tom pálido. Dona Cotinha suspirava, preocupada. Miguel, vendo a tristeza da avó, teve uma ideia brilhante. Avó, e se a gente fizesse a horta flutuar? Assim, ela estaria sempre perto da água fresca do rio!
Dona Cotinha achou a ideia inusitada, mas seus olhos brilharam com a curiosidade. Eles precisavam de ajuda para uma invenção dessas. Pensaram no Professor Jaca, uma capivara cientista que vivia em sua casa-laboratório um pouco mais adiante, cheia de máquinas e esquemas. Professor Jaca era conhecido por suas invenções um tanto quanto excêntricas, mas sempre úteis.
Ao chegarem à casa do professor, o encontraram com um capacete feito de melancia e óculos que pareciam lupas gigantes. Professor Jaca! exclamou Miguel, Avó Cotinha e eu temos uma ideia! Dona Cotinha explicou o problema da horta e a ideia de Miguel. O Professor Jaca, depois de alguns segundos pensando e coçando a cabeça, que era lisa e brilhante, sorriu de orelha a orelha. Uma horta flutuante! Genial! Precisaremos de bambu resistente, garrafas pet recicladas para a flutuação e um sistema inteligente para que a água do rio alimente as raízes!
Nos dias seguintes, a família se uniu. Não só Dona Cotinha, Miguel e o Professor Jaca, mas também outros vizinhos que, ouvindo sobre a invenção, vieram ajudar. Todos traziam bambu, garrafas e ideias. O Professor Jaca orientava, Miguel ajudava a amarrar os bambus com barbantes firmes, e Dona Cotinha preparava um delicioso bolo de milho para o lanche de todos. A horta flutuante foi tomando forma. Era uma plataforma de bambu com pequenos vasos onde as mudas seriam plantadas, e tubos finos levavam a água do rio diretamente para as raízes, por um sistema de capilaridade que o Professor Jaca explicou com entusiasmo.
Quando a horta flutuante ficou pronta, foi um espetáculo. Ela parecia um pequeno jardim sobre as águas, balançando suavemente com a correnteza. As plantas foram cuidadosamente transplantadas e, em poucos dias, começaram a reviver. As folhas se abriram, as cores voltaram, e a horta de Dona Cotinha estava mais linda do que nunca, agora navegando no Rio Sereno.
Miguel e Dona Cotinha aprenderam que, com criatividade, união e a ajuda de amigos, qualquer problema pode ser resolvido. O Professor Jaca, por sua vez, estava orgulhoso de sua nova invenção, que não só salvou a horta, mas também inspirou toda a comunidade a pensar em soluções inovadoras para cuidar da natureza. E assim, a família do Rio Sereno, unida pelo amor à terra e ao próximo, prosperou, colhendo não apenas legumes e verduras, mas também muitas lições de amizade e cooperação.