Numa cidade portuária movimentada, onde o cheiro de sal se misturava ao burburinho dos barcos, vivia uma menina chamada Anabela. Seus olhos grandes e curiosos estavam sempre em busca de novas descobertas. Ela adorava sentar no cais e observar as gaivotas planando, sonhando com as aventuras que o mar poderia esconder.
Um dia, enquanto caminhava pela praia após uma tempestade, Anabela encontrou algo incomum. Não era uma gaivota comum. Era Baltazar, um robô-gaivota, com suas asas metálicas amassadas e um pequeno orifício no peito onde antes deveria brilhar uma luz vibrante. Agora, estava escuro. Baltazar parecia triste, emitindo um zumbido baixinho e melancólico.
Olá, pequeno amigo, disse Anabela, sua voz suave. O que aconteceu com você?
Baltazar, com um mecanismo um tanto enferrujado, conseguiu responder: Eu era a luz. O Farol da Esperança, da Ilha Esquecida. Mas meu cristal de energia perdeu o brilho. Não consigo mais guiar os barcos.
Anabela sentiu uma pontada no coração. Ela sabia o quão importante era um farol para os marinheiros. Como você perdeu seu brilho? perguntou ela.
Uma onda grande demais, uma sobrecarga, explicou Baltazar, com a voz robótica um pouco mais alta. Somente a engenheira Corina, da Ilha Esquecida, pode me consertar. Mas a ilha é difícil de achar, e eu não posso voar.
Sem hesitar, Anabela decidiu: Eu vou te ajudar, Baltazar! Juntos, vamos encontrar a Corina.
Anabela conseguiu um pequeno barco a remo emprestado de um pescador amigo e, com Baltazar cuidadosamente acomodado, os dois partiram. A viagem pela baía era um espetáculo de cores: barcos de pesca vermelhos e azuis balançavam suavemente, gaivotas de verdade voavam em círculos no céu, e o sol pintava reflexos dourados na água.
Após algumas horas remando, e seguindo as instruções meio confusas de Baltazar, eles avistaram uma ilha coberta por uma vegetação densa e rochas que pareciam ter sido esculpidas por gigantes. No topo, estava o farol, agora silencioso e sem luz.
Essa é a Ilha Esquecida! exclamou Anabela, exausta, mas cheia de determinação.
Eles atracaram em uma pequena enseada e subiram por um caminho estreito, entre plantas de folhas largas e flores tropicais. Logo, chegaram a uma oficina peculiar, cheia de engrenagens, fios e ferramentas brilhantes. Lá, uma jovem mulher de óculos redondos e cabelos presos em um coque desgrenhado trabalhava concentrada. Era Corina.
Com licença, disse Anabela, um pouco tímida. Você é a Corina? Trouxemos um amigo que precisa de sua ajuda.
Corina olhou para eles, um sorriso caloroso iluminando seu rosto. Claro que sou! E quem é este belo pássaro de metal?
Anabela explicou a história de Baltazar, sobre o Farol da Esperança e o cristal que havia apagado. Corina ouviu com atenção, seus olhos curiosos analisando o robô-gaivota.
Parece que o cristal precisa de uma recarga de energia especial, disse Corina, pegando Baltazar com cuidado. É uma energia que vem da crença, da positividade. Vamos tentar!
Corina levou Baltazar para uma de suas bancadas. Ela trabalhou com precisão, ajustando pequenos parafusos e conectando fios coloridos. Anabela observava, o coração batendo forte de esperança.
Corina explicou que a luz de Baltazar não era apenas uma luz física, mas uma representação da esperança que as pessoas colocavam nele. A escuridão do cristal refletia a falta de fé. Ao restaurar seu circuito, ela também estava reativando a capacidade dele de absorver a energia boa ao redor.
Finalmente, com um último ajuste, Corina conectou um pequeno aparelho ao peito de Baltazar. Um brilho suave começou a surgir no cristal, crescendo lentamente até se tornar uma luz forte e constante. O Farol da Esperança estava de volta!
Baltazar soltou um pio eletrônico alegre. Eu vejo a luz! Eu sinto a esperança novamente!
Anabela abraçou Baltazar, seus olhos marejados de alegria.
Corina sorriu. Vocês dois trouxeram mais do que um robô para consertar, trouxeram um pedaço de esperança de volta para esta ilha e para todos que olham para o mar.
De volta à cidade portuária, o brilho do Farol da Ilha Esquecida podia ser visto novamente, forte e constante. Os marinheiros sorriam, sabendo que tinham um guia seguro. Anabela e Baltazar se tornaram grandes amigos, e a história de sua jornada inspirou a todos a nunca desistirem, a sempre cultivarem a esperança em seus corações, mesmo nas horas mais escuras. A luz do farol de Baltazar, impulsionada pela amizade e pela coragem de uma menina, era um lembrete constante de que a esperança é a última que se apaga.



















